Bolsa testa os 100 mil pontos, mas não resiste por cinco minutos

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ROSANA HESSEL

Depois de conseguir bater os 100 mil pontos em apenas 10 minutos de pregão nesta quinta-feira (09/07), a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) não conseguiu se sustentar nesse patamar por cinco minutos.

Às 10h13, o Índice Bovespa, principal indicador da B3, voltava a ficar abaixo desse nível que não era atingido desde o início do ano e seguia em queda. Antes da abertura do pregão da B3, o EZW, fundo que reflete as variações das ações de empresas brasileiras negociadas em dólar, subia 3,23% no mercado futuro. O dólar comercial abriu em queda e, às 10h32 era cotado a R$ 5,265 para a venda, com desvalorização de 1,42%.

Apesar do feriado em São Paulo, a B3 e os bancos funcionam normalmente. A data comemora a Revolução Constitucionalista de 1932, mas o descanso no estado foi antecipado pelo governo para 25 de maio em um esforço para estimular o distanciamento social e reduzir o contágio da covid-19.

De acordo com analistas, esse otimismo do mercado de ações é resultado do fato de os operadores da Bolsa evitam colocar no preço dos ativos uma segunda onda de contágio que passou a acontecer em alguns países que já haviam registrado queda no número de casos de covid-19. O crescimento de 13,9% nas vendas do varejo em maio na comparação com abril, animou o mercado, por ter vindo muito acima das expectativas, entre 5% e 6%. Além disso, foi o maior avanço em um único mês da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2000.

Ontem, a B3 encerrou em alta de 2,05% e quase rompeu a barreira dos 100 mil pontos, mas operou com bastante volatilidade. “O Brasil ainda não atingiu o pico da primeira onda e o volume de contágios da segunda onda em outros países, como na China, tem sido pequeno e isso tem tranquilizado um pouco o mercado daqui”, destacou o analista Glauco Legati, analista da Necton Investimentos. Segundo ele, os dados acima das expectativas contribuíram positivamente para alta da B3, “porque a interpretação dos operadores foi de que o pior já passou”.

Enquanto as expectativas de alta na Bolsa aumentam, as previsões de novos cortes da taxa básica de juros (Selic) diminuem, com a perspectiva de recuperação da atividade melhor do que o esperado anteriormente, como ocorreu com os dados do comércio e da indústria em maio. A curva dos juros longos perde inclinação em meio a uma estimativa de que os índices de inflação devem voltar a subir com os sucessivos reajustes no preço da gasolina realizados pela Petrobras.

A fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, logo pela manhã jogou um balde de água fria no otimismo dos operadores, ao sinalizar que os cortes na Selic devem ser interrompidos “O BC tem que avaliar o impacto do crescimento na inflação para ver se há espaço para corte residual na Selic”, disse Campos Neto, em entrevista à Reuters. Após isso, o Índice Bovespa não parava de cair.

Vicente Nunes