De acordo com Carlos Henrique Oliveira, assessor de investimentos da Miura investimentos, os investidores decidiram pela blindagem nos negócios locais no último pregão da semana. “O efeito Queiroz é uma demonstração de que o mercado está disposto a tolerar o episódio. Os investidores colocaram na balança e analisaram que o tamanho disso não vale testar o novo governo”, analisou. Segundo ele, o otimismo do dia foi feito por locais, que aguardam a ida de Bolsonaro à Suíça. “Existe uma preocupação sobre a ida de Bolsonaro para Davos acerca de explicações da reforma da Previdência. Paulo Guedes (ministro da Economia), que também viajará, é uma pessoa muito bem relacionada lá fora”, completou.
Na visão de César Bergo, professor do curso de especialização em mercado financeiro da Universidade de Brasília (UnB), apesar dos consecutivos recordes atingidos pela bolsa brasileira, os dados devem ser comparados a dois fatores. “Se deflacionar o Ibovespa, ele não está em recorde. Deve-se pegar o valor nominal, que mostrará um comparativo real com as marcas atingidas na década passada. O dólar também é uma medida de comparação, que sinaliza que ainda está longe dos níveis de anos anteriores, até pelo fato de que o dólar se encareceu”, explicou.
No noticiário internacional, de acordo com informações da rede de televisão norte-americana CNBC, especializada em mercado financeiro, nas rodadas de negociações entre autoridades estadunidenses e chinesas, no início deste mês, o país de Xi Jinping teria proposto ao governo de Donald Trump a elevação da importação de produtos estadunidenses até o ano de 2024, como forma de atenuar o conflito comercial que envolve as duas potências. Como resultado, no continente asiático, os índices encerraram a sexta-feira com avanços superiores a 1%, na expectativa de melhores rodadas de negociações.
Já o dólar encerrou o dia em alta de de 0,29%, negociado a R$ 3,758 a venda, alta de 0,29%. Os donos do dinheiro aguardam, com maior clareza, informações acerca da reforma da Previdência, que deve ser anunciada em Davos, na Suíça, na próxima semana. Foi a primeira alta semanal (+1,12%) da moeda norte-americana desde meados do mês de dezembro.
E os 100 mil pontos?
Na avaliação do economista-chefe da DMI Group, Daniel Xavier, para atingir os aguardados 100 mil pontos, a B3 vai depender de eventos políticos e de medidas relacionadas à saúde fiscal no país. “Temos que monitorar as eleições da Câmara e do Senado (que ocorrerão em 1º de fevereiro) e a formalização do documento de plano previdenciário, na segunda quinzena de fevereiro. Se continuar nessa direção, é possível que cheguemos aos 100 mil pontos. Mas tudo isso está sujeito a um alto grau de incerteza”, analisou.
Brasília, 18h50