Bolsa sobe 0,37% após sabatina de Roberto Campos Neto

Compartilhe

GABRIEL PONTE*

Puxado pelo bom humor local, em um dia marcado por falas de representantes dos bancos centrais, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), encerrou o pregão em alta de 0,37%, aos 97.602 pontos. Na conjuntura doméstica, o posicionamento de Roberto Campos Neto, economista indicado a suceder Ilan Goldfajn na presidência do Banco Central (BC), foi monitorado pelos investidores. Já nas bolsas internacionais, operadores passaram a repercutir o pronunciamento de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos), acerca da economia estadunidense.

Campos Neto, que foi sabatinado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado Federal, sinalizou que deve manter a política monetária condizente com a estabelecida por Goldfajn, na Autoridade Monetária. Economistas e analistas elogiam a atuação de Goldfajn, diante da manutenção da taxa básica de juros (Selic), pelo Copom (Comitê de Política Monetária) no menor patamar histórico desde março de 2018, além do controle da inflação, abaixo do centro da meta. Campos Neto também criticou a política intervencionista de governos petistas, o que, em sua visão, corroborou para a elevação da carestia, e garantiu que, caso venha tornar-se presidente do BC, irá implementar uma agenda econômica moderna e liberal.

Para Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset, o posicionamento de Campos Neto, ao ser sabatinado, não revelou surpresa aos olhos dos agentes econômicos. “As reações foram positivas. Seu pensamento econômico está muito em linha com a atuação de Goldfajn à frente do BC, e isso caiu muito bem para o mercado financeiro, que tem gostado da atuação da Autoridade Monetária”, analisou.

Spyer, no entanto, revela que operadores não surpreenderam-se com discurso econômico de Campos Neto, que havia sido indicado para presidir o BC em novembro passado. “Ele já é um velho conhecido do mercado financeiro, com passagem pela tesouraria do Santander nas Américas, além da sua formação (com especialização em economia com ênfase em finanças) na Califórnia. Deve fazer um grande trabalho”, completou.

Na visão de Renan Silva, economista da BlueMetrix Ativos, a alta de hoje foi impulsionada pelas falas de Campos Neto, mas, na conjuntura geral, os donos do dinheiro aguardam, com cautela, a tramitação da reforma da Previdência. “O mercado esteve, nos últimos dias, em compasso de espera. Com o aguardo de informações sobre a tramitação dessa reforma, o mercado perde um pouco de força, aguardando os entraves. Os negócios funcionam à base de sinalizações, e, naturalmente, precisam de respostas em torno do texto oficial do assunto”, disse.

Já em Washington, D.C, Powell, chairman do Fed, afirmou que, mesmo em um cenário de crescentes riscos na economia global, a atividade norte-americana deve comportar-se de maneira sólida neste ano. No entanto, Powell voltou a afirmar que a Autoridade Monetária será “paciente” com a condução de juros no país, que apontou para uma mudança na política monetária estabelecida pelo BC norte-americano, indicando a interrupção das elevações sucessivas dos juros dos EUA.

Já o dólar norte-americano encerrou o dia em leve avanço de 0,03%, aos R$ 3,745 a venda, acompanhando a sabatina de Roberto Campos Neto, no Senado, além de repercutir a especulação em torno da votação da reforma da Previdência no Congresso Nacional.

Brasília, 18h52min

Vicente Nunes