O IBovespa, principal indicador da B3, atingiu o pico histórico de 117.203 pontos, ontem, acompanhando o otimismo das bolsas internacionais, que continuam subindo com dados positivos da economia dos Estados Unidos e devido ao fato de os juros básicos dos países desenvolvidos estarem em queda ou negativos.
No Brasil, os indicadores positivos como o da Pnad Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com taxa de desemprego, de 11,2% no trimestre encerrado em novembro, o menor patamar desde o trimestre encerrado em março de 2016, ajudou a impulsionar a alta da B3 no início do pregão. “O dado de emprego puxou a Bolsa para cima, mas o mercado também está realizando ganhos antes das férias”, explicou Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset.
Segundo Spyer, o otimismo com a Bolsa neste fim de ano é reflexo da queda da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 4,5% ao ano, que tem feito com que as aplicações em renda fixa percam para a inflação. Enquanto a poupança passou a render 3,15% ao ano com a nova Selic, a B3 acumula alta de 33% no ano. Isso vem fazendo com que o investidor pessoa física procure o mercado de renda variável para buscar um rendimento maior. “A Bolsa tem registrado 50 mil novos aplicadores por mês e, neste fim de ano, vai praticamente dobrar o número de investidores, chegando a 1,6 milhão”, explicou. Para ele, o mercado tem acionário potencial de continuar em alta ao longo de 2020, podendo chegar a 150 mil pontos, se o governo der continuidade na agenda reformista, acelerando concessões e privatizações.
Dados mais positivos da economia brasileira, apesar de abaixo das expectativas no início do ano, também vem ajudando na alta da Bolsa, apesar das confusões na área política e de costumes do governo de Jair Bolsonaro. Comisso, o mercado tem ignorado essas questões e procurado olhar somente para os números da macroeconomia, que mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer pouco mais de 1% neste ano, dado bem abaixo dos 2,55% previstos no fim de 2018. Enquanto a B3 caia 0,17%, o dólar recuava para 0,22% para R$ 4,05, na manhã de hoje.
Indicadores
Apesar de a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estar controlada e abaixo da meta de 4,25% anuais, dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) também divulgados hoje mostram que a inflação do aluguel voltou com força e ficou acima das expectativas do mercado. O custo de vida medido pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado nos contratos de locação de imóveis, saltou de 0,30% para 2,09% entre novembro e dezembro, de acordo com FGV. No acumulado de janeiro a dezembro, a alta do indicador é de 7,30%. Em dezembro de 2018, o IGP-M registrou deflação de 1,08% no mês e registrou elevação de 7,54% em 12 meses.
Enquanto isso, o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br), medido pela FGV, subiu 7,3 pontos entre novembro e dezembro de 2019, para 112,4 pontos, voltando a ficar acima dos 110 pontos. Em médias móveis semestrais, a incerteza recuou pela terceira vez consecutiva, em 1,1 ponto, para 111,4 pontos. Já o Índice de Confiança da Indústria (ICI) da Fundação Getulio Vargas avançou 3,2 pontos em dezembro, na comparação com o mês anterior, para 99,5 pontos, o mesmo nível de julho de 2018. Com o resultado, o índice acumula alta de 3,9 pontos no quarto trimestre, mas ainda continua abaixo de 100 pontos, ou seja, no campo do pessimismo.