ROSANA HESSEL
Após desabar no início do pregão desta quinta-feira (13/10), com a surpresa com os dados da inflação nos Estados Unidos, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) voltou a subir durante as negociações nesta tarde, puxada pelos papeis de empresas do setor de petróleo e acompanhando a alta das bolsas internacionais, que também inverteram o sinal.
Às 14h21 horas, o Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da B3, registrava alta de 0,29%, a 115.174 pontos, com as ações da Braskem liderando os ganhos. E, perto das 15h, avançava 0,36%, a 115.243 pontos. Meia hora depois, reduzia os ganhos para 0,17%, a 115.022 pontos, em um claro sinal de que a alta não tem garantias de ser sustentável em meio ao clima de tensão no mercado de ações. Em Nova York, o Índice Dow Jones avançava 2,47% e o Nasdaq, 1,68%. Já o dólar, também voltou a cair e, por volta das 15h30, recuava 1%, cotado a R$ 5,23 para a da venda.
A inversão do sinal do IBovespa acabou ocorrendo por conta das empresas do setor do petróleo, pois as ações dispararam com o aumento no preço do barril diante da queda nos estoques globais, de acordo com o economista-chefe da Mirae, Julio Hegedus. O barril do petróleo tipo Brent, negociado em Londres e referência para os preços da Petrobras, avançava 2,47%, cotado a US$ 94,77 às 15h23.
As ações da Braskem, por exemplo, dispararam mais de 10%. Enquanto isso, os papeis da Petrobras, que têm um peso importante no IBovespa, também subiam em torno de 4%. Hegedus, no entanto, reconheceu que essa virada na B3 não deixa de ser contraditória, porque a alta de 0,4% no índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, em setembro, ocorreu mesmo com a queda nos preços de energia. Para ele, essa alta deve ser resultado de um movimento especulativo do mercado, porque os fundamentos não são positivos para o mercado de ações, que tem mais riscos envolvidos. “Deve haver sim algum movimento especulativo. Mas como disse, no CPI, o custo de energia veio em queda 2,1%, depois de recuar 5,1% em agosto, e, no anualizado, e de 23,8% para 19,8%. Agora, deveremos iniciar um ciclo de alta maior deste custo, impactando ainda mais na inflação americana. Mais postura hawkish (agressiva na política monetária e intolerante com a inflação) do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA)”, acrescentou.
Jennie Li, estrategista de Ações da XP Investimentos, também admitiu que é um pouco difícil de explicar esses movimentos muito de curto prazo na Bolsa. “Nem sempre tem uma explicação fundamentalista por trás disso. Mas, hoje, mais cedo, vimos os mercados abrirem bem negativos depois que o dado que saiu de inflação da Estados Unidos, porque veio pior do que esperado. Isso indica que o Fed deve continuar com essa postura mais dura e, possivelmente, vai subir os juros em mais 0,75 ponto percentual na próxima reunião de novembro”, destacou a analista, justificando o medo dos mercados para justificar a queda nas Bolsas no período da manhã . “Os mercados têm registrado perdas ao longo dos últimos meses justamente por conta dessa postura dura, mais contracionistas dos bancos centrais, porque acabam levando a economia global para uma recessão econômica”, acrescentou.
A estrategista da XP lembrou que o dado de inflação não foi bom, porque, em termos de fundamentos, realmente não teve nenhuma melhora no cenário macroeconômico para justificar essa virada que está ocorrendo na B3 e nas bolsas internacionais. “O que a gente sabe é que posicionamento investidores estava muito leve e poucos estavam posicionados em Bolsa por conta dos riscos macroeconômicos que a vemos aqui. Pode ser um movimento técnico, que pode explicar essa movimentação. Aqui no Brasil, uma parte dessa recuperação está sendo explicada pela alta do petróleo das ações da Petrobras, que estão subindo junto com os preços do petróleo após os dados de estoque dos Estados Unidos. Os preços do barril de petróleo estão em alta agora, mas a B3 também subindo em linha com os mercados lá de fora”, complementou.
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