Bolsa e dólar comemoram, antecipadamente, a vitória de Temer

Publicado em Economia

Antes mesmo de a Câmara dos Deputados dar uma vitória ao presidente Michel Temer, derrubando a denúncia de corrupção passiva contra ele, os investidores emitiram um forte sinal de confiança no governo. A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) sustentou valorização por todo o dia e cravou alta de 0,93%, nos 67.136 pontos. Foi o maior nível desde 17 de maio, quando estouraram as delações do grupo JBS.

 

O dólar, por sua vez, depois de abrir a quarta-feira, 2 de agosto, em alta, cedeu, à medida que foi ficando claro a vitória de Temer. A moeda norte-americana foi cotada a R$ 3,119 para venda, com baixa de 0,19%. Foi expressiva a entrada de recursos externos no país.

 

Os investidores estão convencidos de que, com a derrubada da ação movida pela Procuradoria-Geral da República, Temer retomará a governabilidade e conseguirá levar adiante a votação de reformas estruturais importantes, como a da Previdência Social. A aposta é de que o governo manterá o projeto que havia negociado no Congresso.

 

Foi uma ampla negociação do governo para que a acusação de corrupção passiva contra Temer fosse enterrada. Nas últimas semanas, o Palácio do Planalto agiu dia e noite para convencer os deputados a fecharem posição a favor do governo, que não se intimidou em abrir os cofres para contemplar emendas parlamentares.

 

Para os investidores, é possível que, com um alívio na crise política, a recuperação da economia se fortaleça nos próximos meses. Há sinais evidentes de que o ritmo da atividade melhorou, com a indústria crescendo 0,5% no primeiro semestre e o desemprego, cedendo, ainda que muito lentamente.

 

Há, porém, uma grande preocupação entre os donos do dinheiro: a questão fiscal. A situação das contas públicas é dramática. O governo terá que mudar as metas fiscais deste ano e de 2018 por incapacidade de cumpri-las. Os deficits previstos são de até R$ 139 bilhões e R$ 129 bilhões, respectivamente. É possível que o rombo neste ano seja aumentado para até R$ 155 bilhões e o de 2018, para até R$ 140 bilhões.