A fala do secretário do Tesouro norte-americano, Steve Mnuchin, segundo o Wall Street Journal, no fim do dia, sugerindo rever e até reduzir as tarifas sobre produtos chineses, impactou positivamente os mercados, contribuindo para a intensificação dos negócios na bolsa paulista.
De acordo com Raphael Figueredo, sócio-analista da Eleven Financial Research, o novo recorde deve ser analisado sob a ótica de antecipação. “Renovar a máxima é mais um dos capítulos de tantos outros que foram iniciados neste ano com os investidores se antecipando aos fatos. A expectativa, em termos da economia, é de ter um ano melhor. O governo está focado em lidar com as questões fiscais, melhorando os investimentos a longo prazo. Além disso, a fala de Mnuchin acalma os mercados internacionais”, analisa.
Dólar
Já o dólar avançou 0,37% em relação ao real, encerrando o dia negociado a R$ 3,747 a venda. A valorização da moeda ocorreu em um momento em que investidores aguardam os novos capítulos dos desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Além disso, na Europa, a não aprovação do Brexit pelo parlamento britânico fez crescer a desconfiança, por parte dos investidores, em relação ao poder de articulação da primeira-ministra, Thereza May, em obter êxito no processo de saída de bloco europeu. As bolsas europeias tiveram desempenho pífio nos pregões locais, com o investidor retirando o ímpeto dos negócios.
Segundo Jefferson Lattus, sócio-fundador da Lattus, a busca por maiores definições marcou os negócios desta quinta. “O mundo está em compasso de espera, aguardando uma definição da guerra comercial, a resolução do Brexit e o fechamento do governo norte-americano. No Brasil, os investidores querem sentir como vai ser a aceitação de projetos do próximo presidente no Congresso. Assim, essa especulação do dólar faz parte de um mercado que não consegue ficar parado por muito tempo”, diz.
No entanto, apesar do mau-humor externo, Sidnei Nehme, economista da NGO Corretora, analisa que o avanço do dólar diante do real é explicado pela conjuntura doméstica. “Os bancos estão com uma posição vendida, no mercado à vista, acima de US$ 24 bilhões, e eles estão ancorados em linhas ofertadas pelo Banco Central (BC)”, analisa. Quando estão em posições vendidas, os bancos apostam firme na queda do dólar mais à frente.
“Todo mundo colocou que teríamos uma avalanche de ingresso do dólar no início do ano, mas, nessas duas primeiras semanas, só entraram US$ 136 milhões líquidos. Esperava-se algo de imediato, mas, na verdade, os estrangeiros aguardam a materialização das reformas fiscais. Então, isso criou uma ideia enganosa de que estávamos nadando em dólar pegando os bancos com posição vendida muito grande”, completa.
Se a reforma da Previdência Social for aprovada, os estrangeiros tenderão a voltar com tudo para o Brasil. Não por acaso, há instituições financeiras, como o BNP Paribas, apostando em dólar próximo de R$ 3,30.