Bolsa brasileira encerra o ano no vermelho pela primeira vez desde 2015

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ROSANA HESSEL

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) foi um dos piores investimentos no país e também no mundo, refletindo as trapalhadas do governo Jair Bolsonaro (PL), tanto na condução da política econômica quanto no combate à pandemia. O Índice Bovespa (Ibovespa), principal indicador da B3, a bolsa brasileira, encerrou o último pregão do ano com alta de 0,69%, a 104.822 pontos, nesta quinta-feira (30/11).

Apesar da leve recuperação, o IBovespa acumula perdas de 11,93% no ano. É a primeira vez que a B3 encerra no vermelho desde 2015 e o mercado de ações brasileiro conseguiu ter um desempenho pior do que os vizinhos Argentina e Chile. Conforme levantamento feito pela RB Investimentos.

Enquanto o IBovespa encerrou no vermelho com queda de quase 12% no ano, o Índice Merval, da bolsa argentina, por exemplo, valorizou 63% de janeiro a dezembro. A bolsa chilena registrou alta de pouco mais de 3% no ano. Em Nova York, a Nasdaq, a bolsa das empresas de tecnologia norte-americana, valorizou 22,6% no ano e a Bolsa de Londres, 14,6%.

“O brasileiro ainda investe muito no próprio país. Apenas 2% aplicam em ativos externos. No resto do mundo, esse percentual é bem mais alto”, destacou Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

O especialista lembrou que a inflação foi cruel para os investimentos neste ano e praticamente todos perderam para o indicador do custo de vida, menos as bitcoins e as aplicações no exterior.  Segundo ele, a inflação acabou contribuindo para as perdas na B3, pois os investidores mais tradicionais, que têm aversão ao risco, foram deixando o mercado de ações à medida que a taxa básica de juros (Selic) subia e ficava mais atrativa.

“A antecipação do cenário eleitoral também foi pesando no aumento da desconfiança dos investidores, e isso aconteceu de forma direta, porque o governo procurou adotar uma posição mais populista, abrindo mão de buscar uma reforma administrativa e uma reforma tributária para buscar medidas que visam apoio no ano que vem”, afirmou Cruz.

O dólar comercial encerrou o dia com queda 2,06%, cotado a R$ 5,57 para a venda.

Vicente Nunes