Bolsa abre em queda de mais de 10% e circuit breaker é acionado de novo

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ROSANA HESSEL

O medo do novo coronavírus contaminou a Bolsa de Valores de São Paulo (B3), que abriu a semana em queda de mais de 10% nesta segunda-feira (16/03), obrigando o acionamento do circuit breaker, interrompendo os negócios por 30 minutos após o Índice Bovespa registrar tombo de 12,5%.

Antes da abertura, o IBovespa futuro caia mais de 10%, indicando a paralisação novamente nas transações logo pela manhã. O travamento aconteceu às 10h26.

O circuit breaker é um mecanismo de defesa das bolsas para evitar quedas bruscas. Após um tombo de 10%, ele é acionado na B3 e as negociações são interrompidas por 30 minutos. Na reabertura, se cair mais de 15% há uma nova paralisação por um hora e, se a bolsa cair mais 20%, a interrupção é por tempo indeterminado.

Na semana passada, o circuit breaker foi acionado quatro vezes. Na sexta-feira, apesar de encerrar com alta de 13,9%, a B3 acumulou perdas de R$ 798,8 bilhões no mês de março e de R$ 1,15 trilhão desde a sexta-feira de carnaval.

Enquanto a bolsa cai, o dólar sobe. A divisa norte-americana abriu em alta, cotado acima de R$ 4,90, indicando que pode voltar a encostar em R$ 5 ao longo do dia.

Em Nova York, o Índice Dow Jones caiu mais de 9% logo na abertura e o S&P500 despencou mais de 7% e o circuit breaker também foi acionado na principal bolsa global.

Pacote do BC

O Banco Central anunciou, logo pela manhã, um pacote de medidas para injetar dinheiro na economia. Uma delas prevê a repactuação de empréstimos de um total de R$ 3,2 trilhões, às vésperas da segunda reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom). A decisão foi resultado de um Conselho Monetário Nacional (CMN) extraordinário realizado hoje.

Contudo, as medidas podem ser tardias. A pandemia, que é uma nova versão da SARS (Síndrome respiratória aguda grave), mostra que deverá ter efeitos muito mais graves do que uma simples gripe como as autoridades tentavam minimizar.

O mundo está parando. A Alemanha, maior economia da Europa fechou as fronteiras. Espanha decretou estado de emergência no sábado e as pessoas não podem sair de casa. Na Itália, os números de casos e mortes são crescentes. O governo de Portugal anunciou que vai decidir estado de emergência na quarta-feira.

Corte de juros

Os mercados estão reagindo com cautela ao corte de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) para o intervalo de zero a 0,25% ao ano. Com isso, a maior economia do planeta passa a ter juro negativo e o operadores acham que isso não vai ser suficiente para evitar o que está por vir.

A medida foi seguida pela Coreia do Sul, mas as bolsas asiáticas fecharam no vermelho diante da quedas de 20,5% nas vendas no varejo da China, entre janeiro e fevereiro, e de 13,5% na produção industrial chinesa, no mesmo período.

Vicente Nunes