Bolsa abre dia operando no vermelho, mas registra forte oscilação

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) abriu o pregão desta sexta-feira (10/07) em queda, dando sinais de forte oscilação ao longo do dia, após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar queda de 0,9% no setor de serviços e dados de inflação menores do que o esperado pelo mercado.  

 

Em menos de uma hora de pregão, o Índice Bovespa, principal indicador da B3, conseguiu inverter o sinal, acompanhando as bolsas europeias que estão operando no azul. Contudo, o Ibovespa chegou a ficar abaixo de 99 mil pontos várias vezes, confirmando que poderá oscilar bastante ao longo do dia. 

 

Por, enquanto, entre os destaques de alta da B3 estavam a ViaVarejo, com valorização de 7,2%. A CVC Brasil subia subia 1,31% e os papéis da Cogna avançavam 1,57%, por volta das 10h40. Às 11h, o Ibovespa estava em 99.395 pontos, com alta de 0,24%. Já o dólar comercial estava mais ou menos estável, cotado a R$ 5,342.

 

“Todo dia, a cada dia, buscam-se justificativas as mais diversas, oriundas localmente ou no exterior, para justificar a constância das mutações nos comportamentos do vários indicativos de preços e taxas dos segmentos do mercado financeiro, sem contudo encontrar-se razoáveis fundamentos”, avalia o economista Sidnei Nehme, da NGO Corretora. “A certeza mais convincente é de que não há condições para se ter certezas neste ambiente global que envolve tantas inseguranças e riscos para os quais não se consegue construir um antídoto, e, a convicção absoluta é de que a solução do problema central, o coronavírus, só virá com a descoberta efetiva de uma vacina comprovadamente eficaz”, emendou.

 

Em Nova York, a Nasdaq, a bolsa das empresas de tecnologia registra queda após ter registrado máximas nos últimos dias. Já os índices Dow Jones e S&P 500 registravam leve alta. As bolsas asiáticas, por sua vez, fecharam no vermelho, com a de Xangai caindo 2,5% e liderando as perdas.

 

De acordo com uma fonte do mercado financeiro, essa tendência de forte volatilidade na B3 está mantida, especialmente, porque os operadores continuam preocupados com o estado de saúde do ministro da Economia, Paulo Guedes. O chefe da equipe econômica cancelou os compromissos com os setor privado hoje e manteve na agenda apenas reuniões com técnicos da pasta, por videoconferência. Enquanto isso, o silêncio no ministério sobre o real estado de saúde de Guedes permanece.

 

Quando o presidente Jair Bolsonaro confirmou que testou positivo para a covid-19, no último dia 7, a assessoria do Ministério da Economia só informou que o ministro tinha testado negativo “na semana passada” e que faria novo teste “nos próximos dias”, apenas depois do fechamento dos mercados.

 

Indicadores

 

Os números do IBGE de hoje mostraram queda de 0,9% no setor de serviços no mês de maio, na comparação com abril. Foi a quarta queda consecutiva. Em relação ao mesmo intervalo de 2019, o tombo foi de 19,5%, o maior da série histórica.  O segmento é de grande importância na composição dos dados do Produto Interno Bruto (PIB), pois tem um peso em torno de 70%. 

 

“O resultado de serviços não pesa negativamente nas nossas projeções. Houve vários outros indicadores de maio vindo melhor do que o esperado, e que, no total, o tom segue o mesmo e não piorou com os dados de hoje”, disse um analista de um grande banco de investimento.

 

Os dados do IBGE desta semana indicaram melhora acima do esperado pelo mercado na indústria e no comércio varejista, outros dois indicadores do PIB. Para analistas, a composição dos dados de serviços deve trazer um carrego negativo para os dados do segundo trimestre, de 0,1 ponto percentual.

 

Enquanto isso, a inflação oficial de junho medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,26%, ficando levemente abaixo do esperado pelo mercado, de 0,30%. Esse resultado do IPCA deixou as taxas dos títulos públicos negociados via Tesouro Direto sem uma direção clara, segundo operadores.