No primeiro pregão da Bolsa de Valores de São Paulo depois da exibição do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, na qual ficou clara a disposição do presidente Jair Bolsonaro de intervir na Polícia Federal, os investidores “compraram” com tudo a possibilidade de privatização do Banco do Brasil (BB). As ações da instituição registram alta de mais de 10%.
Os investidores se empolgaram com as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o BB está pronto para ser vendido. “Tem que vender a porra do Banco do Brasil logo”, disse ele. Bolsonaro ressaltou, porém, que a privatização do BB só ocorrerá em 2023, caso ele seja reeleito.
Não é de hoje que se sabe que o Banco do Brasil vem sendo preparado para a privatização. Essa, por sinal, foi a principal missão dada por Paulo Guedes a Rubem Novaes, quando convidou o executivo para comandar o banco controlado pelo Tesouro Nacional.
Novaes deu passos importantes para enxugar o BB e entregá-lo, de preferência, ao capital estrangeiro com o argumento de que o governo quer aumentar a concorrência bancária no país. O BB, por sinal, já vendeu a participação que tinha na resseguradora IRB Brasil e na Neoenergia. Anunciou acordo para privatizar o BB Banco de Investimentos e avisou que venderá a BB DTVM e o BB Américas.
O presidente do BB é um dos mais radicais defensores de Bolsonaro. Tanto que endossa todo o discurso reacionário do chefe do Executivo. Não é só: a fidelidade de Novaes a Bolsonaro é tão canina, que o filho 02 do presidente, o vereador Carlos, obrigou a instituição a voltar a anunciar em sites especializados em espalhar fake news. Ao ser denunciado, o BB suspendeu as propagandas, mas Carlos fez o banco recuar.
Para especialistas, o Banco do Brasil sempre pagou um preço alto por sob controle do Tesouro e por ser usado politicamente em troca de apoio ao governo no Congresso. Com a perspectiva de privatização, no entanto, uma outra perspectiva se abre. Às 16h51, as ações ordinárias do BB estavam cotadas a R$ 31,43, com valorização de 10,24%. No ano, porém, caem 39,78%.
Brasília, 17h01min