BC DESCONTROLADO

Publicado em Sem categoria

Em meio ao quadro caótico vivido pelo país, combinando crise política com turbulências na economia, era imprescindível que o Banco Central funcionasse como um pilar de credibilidade. Ao emitir sinais de segurança aos mercados, por meio de ações transparentes, a instituição certamente contribuiria para amenizar o nervosismo que tomou conta dos investidores e jogou o dólar para o nível mais alto em quase 11 anos. Infelizmente, não é o que se está vendo.

O BC brasileiro, comandado por Alexandre Tombini, tornou-se um manancial de incertezas. Ao manter uma comunicação errática com os mercados, seja em relação ao câmbio, seja em relação à inflação e ao crescimento econômico, embaralha o horizonte. O jeito encontrado pelos investidores para se protegerem nesse quadro nebuloso foi comprar dólares. Não por acaso, a moeda norte-americana encerrou a semana cotada a R$ 3,057, com a maior valorização semanal desde 2008.

A confusão criada pelo BC começa pela taxa básica de juros (Selic). A cada decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), a instituição indica um caminho. No início de dezembro do ano passado, alertava sobre a necessidade de parcimônia no aumento da Selic. Semanas depois, garantia que faria tudo o que fosse possível para conter o avanço da carestia. Depois, passou indicar o fim do ciclo de aumento dos juros. Não satisfeito, o banco voltou a indicar que não toleraria a alta da inflação. Agora, sinaliza que pode estender o arrocho que, se acreditava, acabaria em abril, com os juros a 13%.

Mesmo em um quadro de calmaria, esse vaivém do BC já seria danoso para a economia. Mas, com o país acuado pelo embate entre o Congresso e o Palácio do Planalto e diante das dúvidas crescentes quanto à capacidade do ministro da Fazenda, a indecisão da autoridade monetária agiganta a onda de desconfiança que atormenta os agentes econômicos e provoca pesados prejuízos nos mercados futuros de juros. Para compensar essas perdas, os investidores estão correndo em busca de dólares, cuja a consequência é mais inflação e mais juros.

O descontrole do BC faz estragos, também, no caixa do Tesouro Nacional. Como ninguém acredita na capacidade da autoridade monetária de levar à inflação para o centro da meta, de 4,5%, até o fim de 2016, uma vez que o time de Tombini nunca entregou o que prometeu, o governo está sendo obrigado a fazer emissões recordes de Letras do Tesouro Nacional (LTNs), títulos de curto prazo que têm custos elevadíssimos. No leilão desses papéis realizado na última quinta-feira, as taxas ficaram em 13,23% ao ano. Foram vendidos R$ 18,6 bilhões em LTNs, títulos que estão reduzindo, significativamente, o prazo de vencimento da dívida pública.

Mas não é só. O BC não sabe o que quer com o dólar. Ao mesmo tempo em que indica que manterá as intervenções no câmbio, por meio dos contratos de swap cambial (espécie de vendas futuras da moeda norte-americana), sinaliza que reduzirá sua presença no mercado. Essa postura esquizofrênica só alimenta a confusão.

Por lei, o único mandato do BC é para manter a inflação dentro das metas. Mas o que se tem visto é a instituição também preocupada com o ritmo do crescimento econômico e com o dólar, agindo como uma biruta, que gira ao sabor dos ventos. Para desespero de todos, não acerta uma.

Nada de discursos vazios

Se realmente quer levar a inflação para 4,5% no fim de 2016, o Banco Central deve dizer, claramente, que terá de pesar a mão da taxa de juros, mesmo que isso aprofunde a recessão na qual o país mergulhou. Caso não queira derrubar tanto o Produto Interno Bruto (PIB), que mude a meta do custo de vida para o ano que vem, para 5,5% ou 6%. Ninguém aguenta mais a autoridade monetária errando feio. O que o país quer e precisa é de um BC firme, que não fique com discursos vazios que só dificultam a saída da economia do atoleiro.

Rumores sobre a saída de Levy

» Foi grande a boataria ontem sobre a possível saída de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda. Nas mesas de operação dos bancos, analistas difundiam rumores de que, para se fortalecer politicamente diante do estrago provocado pela lista de políticos envolvidos na Operação Lava-Jato, a presidente Dilma Rousseff faria todas as concessões no ajuste fiscal exigidas pelos partidos da base aliada. Procurada, a assessoria de Levy garantiu que ele continua firme e forte no cargo e convencido de que entregará a meta fiscal de 1,2% do PIB.

Mulheres seguradas

» Os seguros de carros vêm ocupando cada vez mais espaço no orçamento das mulheres. Tanto que elas já respondem por 40% dos contratos no país, segundo levantamento da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg). Elas conseguem valores entre 5% e 15% menores do que os homens. O vice-presidente da entidade, Luiz Pomarole, explica que isso ocorre porque as motoristas dirigem com velocidade média menor e são, em geral, mais cuidadosas ao volante.

Virgin chega ao Brasil

» A inglesa Virgin está preparando seu desembarque no mercado de telefonia brasileiro. Diante das mudanças feitas na legislação pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a empresa, que atua em 10 países, está prestes a comprar uma rede de transmissão no país para oferecer serviços corporativos. Promete derrubar as tarifas. 

Por dentro das empresas

» Quem quiser conhecer experiências do mundo corporativo relatadas por executivos de várias empresas encontrará boa leitura no livro Segredos do sucesso. Será lançado no próximo dia 20, no hotel Copacabana Palace, no Rio. Um dos autores é o diretor comercial da TIM no Distrito Federal, Leonardo Queiroz. Há relatos de profissionais da Sony Music, TAM, Natura, Walmart, Volkswagen e Microsoft.

Brasília, 00h01min