ROSANA HESSEL
MARINA BARBOSA
O Banco Central (BC) revisou a previsão de queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, passando de 5% para 4,4%, conforme as novas projeções do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (17/12). Com isso, ficou levemente otimista em relação ao Ministério da Economia.
De acordo com o BC, os indicadores econômicos evidenciam recuperação, ainda desigual, da atividade econômica”, já que o consumo tem se recuperado de forma acelerada, mas o setor de serviços continua pressionado pela pandemia de covid-19. E também “sugerem acomodação da atividade” neste quarto trimestre, “em linha com o início da redução das medidas governamentais de combate aos impactos econômicos da pandemia”. A mudança nas estimativas considerou os indicadores domésticos e também a evolução esperada da economia internacional e da pandemia.
A autoridade monetária melhorou a projeção do PIB de 2020, pois acredita que “permanece o otimismo do empresário industrial e aumentam os sinais recentes de recuperação do mercado de trabalho”. Também contribuíram com o novo número a “revisão das séries históricas do PIB e resultado ligeiramente acima do previsto da atividade econômica no terceiro trimestre”.
O Banco Central passou a prever crescimento de 3,8% da economia brasileira em 2021. O dado ficou levemente abaixo da estimativa do RTI anterior, de 3,9%. Conforme os dados do Relatório de Inflação, essa estimativa ainda tem várias fatores condicionantes para essa previsão de 2021, pois “considera que não deve haver restrições significativas do lado da oferta decorrentes do fechamento duradouro e disseminado de empresas na pandemia e é condicionada ao arrefecimento gradual da crise sanitária e à manutenção do regime fiscal”. Ou seja, o governo aposta que o governo vai conseguir respeitar o teto de gastos — emenda constitucional que limita o aumento das despesas à inflação do ano anterior –, única regra fiscal remanescente.
A nova projeção do BC está ligeiramente melhor que a do Ministério da Economia, que prevê um recuo de 4,5% do PIB em 2020 e um avanço de 3,2% em 2021. Porém, de acordo com o RTI, “está condicionada à continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira, condição essencial para permitir a recuperação sustentável da economia”.
Inflação
No documento de 85 páginas, a exemplo da última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, o BC reconhece que as últimas leituras de inflação foram acima do esperado e, em dezembro, “apesar do arrefecimento previsto para os preços dos alimentos, a inflação ainda deve se mostrar elevada”. Contudo, reforçou que, mesmo com essas pressões no curto prazo, os níveis do custo de vida “ estão compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação no horizonte relevante para a política monetária”.
Conforme os dados do BC utilizados para a decisão do Copom de manutenção da taxa básica de juros em 2% ao ano na última reunião do colegiado do ano,, as expectativas de inflação para 2020, 2021 e 2022 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,2%, 3,3% e 3,5%, respectivamente. “No que se refere às projeções condicionais de inflação, no cenário básico, com trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio partindo de R$5,25 para o dólar, e evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC), as projeções de inflação do Copom situam-se em torno de 4,3% para 2020, 3,4% para 2021 e 3,4% para 2022. “Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2020 em 2% e se eleva até 3,00% ao ano, em 2021, e 4,50% anuais, 2022