No canal financeiro, as saídas líquidas totalizaram US$ 42,3 bilhões, desde janeiro até o último dia útil de novembro, registrando alta de 24% sobre o saldo negativo de US$ 34,1 bilhões computados no mesmo período de 2018.
Enquanto isso, no comércio exterior, o saldo comercial ficou positivo em US$ 15,2 bilhões, pelas contas do BC no acumulado do ano. Essa diferença entre exportações e importações ficou 66,8% abaixo dos US$ 45,8 bilhões registrados no ano passado.
O estoque de reservas internacionais encerrou novembro em US$ 366,4 bilhões, conforme dados do BC. Esse montante ficou US$ 3,4 bilhões abaixo dos US$ 369,8 bilhões computados no fim de outubro.
“Erro técnico”
Apesar de o Ministério da Economia corrigir os números da balança comercial devido a um “erro técnico” atípico, os dados BC do fluxo cambial foram mantidos. De acordo com a assessoria da autoridade monetária, a natureza das operações são distintas e, portanto, não há necessidade de mudanças. Na semana passada, um dos motivos da forte desvalorização do real e fez o dólar bater vários picos foram justamente os dados do fluxo cambial e do balanço de pagamentos, que apresentaram piora em outubro e no início de novembro.
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, divulgou os novos dados da balança de novembro na última segunda-feira (2/11). Com a correção, elevou o volume de exportações entre novembro e setembro em US$ 6,5 bilhões, o que melhorou o saldo comercial de novembro, que caminhava para um deficit. Essa mudança, no entanto, deixa dúvidas no ar em relação à confiabilidade dos dados da pasta. Especialistas do mercado torcem para que esse tipo de erro não seja corriqueiro daqui para frente. Vale lembrar que, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, o início da quebra na confiança ocorreu justamente por conta da contabilidade criativa nos dados fiscais que a equipe econômica divulgava.
“Houve uma falha no sistema e isso pode acontecer. Tem que aceitar como sendo fato. Mas não deveria acontecer e a descoberta deveria ter sido mais cedo e não no terceiro mês. Algo está incomodando e o que não se pode negar é que a mudança acabou sendo a favor do governo. Esse tipo de erro não pode acontecer”, comentou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. “A correção é importante por alterar a percepção de velocidade da deterioração das transações correntes, que, apesar de ainda plenamente financiável pela entrada de investimento externo, mostrava uma dinâmica preocupante. Com a revisão, a pressão sobre o câmbio acabou por se diluir”, explicou Thais Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados.