ROSANA HESSEL
O Banco Central decidiu reduzir a alíquota do compulsório sobre recursos a prazo de 25% para 17%, injetando mais R$ 68 bilhões no mercado financeiro a partir de 30 de março. O BC também facilitou empréstimos com garantias de debêntures criando uma linha temporária para dar mais liquidez no mercado de dívida corporativa.
De acordo com autoridade monetária, a decisão é temporária e tem como objetivo aumentar a liquidez do Sistema Financeiro Nacional. A medida, segundo a nota do órgão, faz parte do conjunto de ações adotadas pelo BC para minimizar os efeitos de Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, sobre a economia brasileira.
A expectativa do BC é que, em 14 de dezembro, caso a economia tenha atravessado a pandemia do Covid-19, a alíquota do compulsório sobre recursos a prazo será recomposta ao patamar anterior de 25%.
Em fevereiro, o BC tinha reduzido de 31% para 25% a alíquota do compulsório para os depósitos a prazo, o que implicou em uma liberação de R$ 135 bilhões no mercado de crédito.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, concederá uma entrevista coletiva para explicar as novas medidas.
Empréstimos
O BC também divulgou nota informando que o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou a autoridade monetária a conceder empréstimos a instituições financeiras garantidos em debêntures adquiridas entre 23 de março e 30 de abril de 2020. Trata-se de uma Linha Temporária Especial de Liquidez (LTEL).
“O objetivo da linha é prover liquidez ao mercado secundário de dívida corporativa, fortemente afetado pela recente turbulência verificada nos mercados financeiros internacional e nacional, fruto dos reflexos da propagação do coronavírus”, informou a nota.
Além das debêntures, o BC manterá, como garantia adicional, os recolhimentos compulsórios do banco no mesmo montante da operação, informou o comunicado.
Ata do Copom
As medidas foram anunciadas poucos minutos após a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que deixou aberta a possibilidade de novos cortes na taxa básica de juros (Selic). Na reunião da semana passada, o comitê reduziu Selic de 4,25% para 3,75% ao ano, o menor patamar da história. Na ata, o colegiado informou que chegou a considerar um corte maior, mas concluíram que os efeitos sobre a demanda seriam limitados.
No documento do BC reforçou o que “continuará fazendo uso de todo o seu arsenal de medidas de políticas monetária, cambial e de estabilidade financeira no enfrentamento da crise atual”.