“O BC deverá anunciar, em breve, um conjunto de medidas para tornar o PIX mais seguro”, disse Campos Neto, nesta sexta-feira (27/08), em São Paulo, em um evento para empresários e agentes do mercado financeiro organizado pela Esfera Brasil e patrocinado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), ao ser questionado sobre o assunto. “Faz parte do aprimoramento dessa forma de pagamento”, afirmou.
Devido ao aumento de casos de crimes associados ao PIX, os bancos pressionaram o BC para impor limites no uso da ferramenta. Em São Paulo, por exemplo, o número de ocorrências de sequestro-relâmpago nos primeiros sete meses do ano cresceram 39,1%, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do estado.
O presidente da autoridade monetária minimizou o aumento da criminalidade associada ao PIX , porque, segundo ele, esse aumento dos casos também reflete os avanços na vacinação contra a covid-19 e a volta da circulação das pessoas. Segundo ele, o sequestro-relâmpago aumenta por conta do retorno da mobilidade e ele “pode ser feito com PIX, TED ou DOC”. Além disso, assim como no caso dos caixas automáticos (ATMs), no passado, “o mercado foi se ajustando, reduzindo os valores dos saques noturnos” e, com o PIX, é provável ocorrer um aperfeiçoamento da ferramenta. “A gente está em processo constante de amadurecer as formas de pagamento para que elas sejam mais seguras”, disse. Segundo ele, a não ser que o ladrão use um laranja, com as transferências por PIX é mais fácil para a polícia identificar o destinatário, porque o banco possui os dados dos correntistas.
Vale lembrar que no aplicativo do PIX do banco em que tem conta, o consumidor já pode limitar os valores das transferências, tanto diários quanto noturnos. Basta clicar em Meus Limites do PIX. Os bancos limitam as transferências noturnas até R$ 5 mil, mas é preciso ficar atento aos valores autorizados para a ferramenta, pois eles podem superar o que o cliente tem disponível em conta-corrente.
Pouco depois desse anúncio de Campos Neto, a assessoria do BC informou que os diretores João Manoel e o diretor Paulo Souza falarão com a imprensa sobre medidas de aprimoramento dos meios de pagamento eletrônico às 16h30.
Dados acima do esperado
Na avaliação de Campos Neto, o PIX está surpreendendo as expectativas do BC devido à elevada popularização no uso da ferramenta. “O PIX não é só um sistema de pagamento instantâneo, mas ele tem ajudado a inclusão de mais pessoas no mundo financeiro”, afirmou.
Os dados do PIX estão acima das previsões iniciais do BC, segundo o presidente da autoridade monetária. Ele contou que, até o momento, foram registradas 283 milhões de chaves. “Nós achávamos que atingiríamos 20 milhões em seis meses e esse número foi atingido em uma semana”, contou .
“O PIX foi um grande avanço em termos de modelo de negócios e substitui outras formas de pagamento”, afirmou ele, contando que, sem essa ferramenta, alguns pequenos negócios seriam inviabilizados durante a pandemia.
De acordo com Campos Neto, o PIX faz parte da agenda BC#, que caminha para a ampliação do open banking, agora chamado de open finance pelo BC — plataforma que busca uniformizar os dados dos clientes entre as instituições financeiras, e, assim, baratear os custos dos serviços e dos produtos financeiros para o consumidor.
“Tem uma grande revolução no mundo acontecendo e é a revolução dos dados”, disse o presidente do BC. “O que mais dá receita hoje para as empresas são os dados e não se paga imposto por isso. O open finance vai democratizar os dados para uma oferta mais barata e sob medida de serviços”, complementou.