O BC ainda acredita que a inflação, que vem em disparada e registrou alta de 0,89% em novembro, o pior resultado para o mês desde 2015, vai ceder nos próximos meses, mas reconhece que a pressão por reajustes está durando mais do que o estimado inicialmente.
Não por acaso, a perspectiva, dentro da instituição, é de que o Copom comece a mudar o tom de seu discurso, saindo de uma excessiva despreocupação com a alta do custo do vida para uma posição menos confortável. Nada mais natural para uma autoridade monetária responsável.
O Copom, também, deve reforçar o discurso em relação ao ajuste fiscal, diante das dificuldades do governo em retomar o caminho da austeridade. É grande a expectativa quanto ao posicionamento do BC depois do estresse envolvendo o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Em uma live, Campos Neto disse que o país tinha que decidir que caminho seguirá em relação às contas públicas, que devem registrar rombo superior a R$ 800 bilhões. Na visão dele, o governo precisava de um plano. Ao ser informado da declaração do presidente do BC, Guedes disse a jornalistas que perguntassem ao presidente do BC qual era o plano dele.
Aparentemente, as arestas entre Campos Neto e o ministro foram aparadas. Mas, até agora, não se sabe, exatamente, o que o governo pretende fazer para fazer um ajuste fiscal de verdade. Falta clareza nas ações de Guedes e uma ação mais contundente do Palácio do Planalto para aprovar medidas de interesse do governo no Congresso.
Brasília, 11h25min