BC: Mercado reduz previsão do IPCA deste ano e aumenta a de 2023

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ROSANA HESSEL

Apesar da melhora nas previsões para 2022, a mediana das projeções do mercado coletadas pelo Banco Central, no boletim semanal Focus, para a inflação de 2023 piorou, conforme dados divulgados pelo BC nesta segunda-feira (15/8).

A mediana das previsões para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, passou de 7,11% para 7,02%, neste ano, a sétima revisão para cima seguida. E, para 2023, a mediana subiu de 5,36% para 5,38%. Foi a 19 alta consecutiva para o indicador no ano que vem.

As duas estimativas dos 143 economistas ouvidos pelo BC superam o teto das metas determinadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 5%, em 2022, e de 4,75%, em 2023, confirmando o fracasso do Banco Central na condução da política monetária por três anos consecutivos. Em 2021, o teto da meta era de 5,25%, mas o IPCA encerrou o ano em 10,06%, maior patamar desde 2015.

Esses dados mostram que as recentes reduções nos tributos sobre combustíveis são pontuais e não devem evitar novas pressões inflacionárias no ano que vem, que serão turbinadas com os impactos negativos nas contas públicas devido à gastança desenfreada do governo com subsídios, na contramão do discurso de consolidação fiscal da equipe econômica. Pelas estimativas da Ryo Asset, neste ano, as renúncias fiscais devem superar R$ 520 bilhões, mais de 50% do previsto no início do ano.

A mediana das projeções do mercado no boletim Focus para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano subiu de 1,98% para 2% — sétima alta consecutiva nas estimativas — , mas a mediana para o crescimento do indicador em 2023 indica desaceleração para 0,41%, dado levemente acima da estimativa de 0,40% prevista na semana passada.

Conforme os dados do Focus, as medianas das previsões do mercado para a taxa básica da economia (Selic) no fim deste ano e do próximo foram mantidas em 13,75% e em 11%, respectivamente.  A mediana para a taxa de câmbio também não sofreu alteração, com o dólar encerrando este ano e o próximo em R$ 5,20.

As estimativas do mercado ainda elevaram pela primeira vez a previsão de inflação em 2024, de 3,30% para 3,41% e ainda melhoraram de 1,70% para 1,80% a previsão de avanço do PIB no mesmo ano. Já a mediada das projeções para a Selic, de 8%, e para o dólar, de R$ 5,10, foram mantidas.

Vicente Nunes