ANTONIO TEMÓTEO
Em evento promovido pelo Ministério da Justiça, o diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do Banco Central (BC), Isaac Sidney, afirmou que a autoridade monetária estuda emitir uma moeda digital, semelhante ao bitcoin.
Segundo ele, o tema está em estágio embrionário, mas é debatido por bancos centrais de diversos países. “Há vários aspectos que precisamos avaliar, inclusive seus impactos sobre a condução da política monetária”, destaca.
O Banco de Compensações Internacionais (BIS), o Banco Central dos bancos centrais, publicou em seu relatório trimestral um capítulo dedicado especificamente ao estudo das moedas digitais, lembra Sidney. O diretor do BC comenta que o BIS alertou aos bancos centrais de todo o mundo que não podem ignorar o crescimento dessas moedas e seus impactos no sistema financeiro.
Um dos pontos em discussão, ressalta Sidney, é se as autoridades monetárias devem considerar emitir suas próprias moedas digitais. Ele explica que o BC acompanha e monitora de perto as moedas virtuais e a tecnologia blockchain.
Sidney ressalta que o BC reconhece os benefícios que podem advir em termos de inovação, de melhoria de serviços, de inclusão financeira, mas sem descuidar de eventuais riscos e desvios que o mercado possa enfrentar com a nova realidade. “O BC trabalha para identificar e mitigar os focos desses riscos potenciais”, completa.
Quadrilha
Não é por acaso que o BC está estudando entrar nesse mercado de moedas eletrônicas e de sinalizar suas preocupações com os riscos aos consumidores. Nesta quinta-feira, 21, o Ministério Público e a Polícia Civil desbarataram um esquema de estelionato e lavagem de dinheiro por meio de uma pirâmide financeira denominada Kriptacoin, com venda de moeda digital. O esquema lesou pelo menos 40 mil investidores.
Segundo os investigadores, 13 suspeitos que integrarem o esquem aforam alvos de prisão preventiva. Também foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão dentro da Operação Patrick. As medidas, autorizadas pela 8ª Vara Criminal de Brasília, foram cumpridas no Distrito Federal, em Águas Lindas e em Goiânia. O juiz Osvaldo Tovani também decretou a quebra do sigilo das redes sociais dos investigados e o bloqueio de bens, entre os quais carros de luxo e um helicóptero.
A organização criminosa operava por meio de laranjas, com nomes e documentos falsos. Eles ofereciam ganhos expressivos nos investimentos não regulamentados. A promessa de lucro fácil rendeu pelo menos R$ 5 milhões somente neste ano. Segundo os policiais, a pirâmide está prestes a ruir, o que causará prejuízos aos consumidores que não conseguirão sacar seus investimentos, uma crime contra a economia popular.
Brasília, 10h35min