O número desses encontros dos diretores com agentes do mercado nas agendas da diretoria estava sendo visto como exagerado, gerando estranheza de analistas e ex-diretores da instituição, conforme mostrou reportagem do Correio Braziliense.
De acordo com o comunicado do BC, divulgado na noite de ontem (12/08), uma mesma instituição só poderá marcar um encontro com membros da diretoria no prazo entre duas reuniões do Copom. Os diretores também poderão recusar solicitação de reunião em qualquer tempo.
O economista Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor do Banco Central e economista chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), elogiou as novas regras e lembrou que criar uma limitação era necessária porque estava havendo um excesso de lives dos diretores.
“Antes agora do que insistir em living constantes nos sites das instituições. Geralmente, os agentes econômicos querem informações do Bacen para operar nos mercados. Mais uma razão para ter cuidado ao comentar sobre política monetária e cambial”, alertou Gomes. “O Bacen está começando entender que não uma instituição acadêmica mas tem informações que enriquecem ou emprobecem os investidores”, emendou.
As orientações do BC em vigor desde 2017 contemplam a articulação entre os gabinetes dos membros da diretoria e determina as regras para o período de silêncio do Copom, que ocorre a cada 45 dias. “Será evitada a marcação de mais de uma reunião entre um membro da diretoria colegiada e uma mesma instituição ou pessoa física para tratar de conjuntura econômica no espaço entre duas reuniões ordinárias do Copom e no intervalo de 30 dias corridos desde a última reunião”, destacou o documento.
Veja a íntegra do comunicado:
BC atualiza regras para reuniões com investidores ou sobre conjuntura econômica
Para fortalecer a transparência e a comunicação com a sociedade, o Banco Central atualizou as orientações já praticadas para agendamento de reuniões de membros da Diretoria Colegiada com agentes externos para tratar de conjuntura econômica, com destaques para os encontros com investidores.
As orientações já em vigor desde 2017 contemplam a articulação entre os gabinetes dos membros da Diretoria Colegiada demandados, para evitar diferentes reuniões dos demandantes com diferentes dirigentes sobre o mesmo assunto; preferência de realização das audiências às segundas ou sextas-feiras; preferência de atendimento das demandas de grupos de investidores; forma de registro e publicidade das audiências; e a observância às regras do Silêncio do Copom em quaisquer circunstâncias.
Além de reiterar as orientações já vigentes, as regras divulgadas em hoje trazem orientações adicionais aos investidores e profissionais que solicitem reuniões para tratar de conjuntura econômica. Será evitada a marcação de mais de uma reunião entre um membro da Diretoria Colegiada e uma mesma instituição ou pessoa física para tratar de conjuntura econômica no espaço entre duas reuniões ordinárias do Comitê de Política Monetária (Copom) e no intervalo de 30 dias corridos desde a última reunião.
Informações necessárias
Para confirmação do agendamento, serão exigidas as seguintes informações, com pelo menos um dia útil de antecedência à reunião: descrição do assunto a ser tratado; nome das instituições participantes e número de sua inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ); nome dos participantes e número de sua inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), ou, no caso de estrangeiros sem CPF, o número de seu passaporte; e cargo dos participantes.
É importante ressaltar que os membros da Diretoria Colegiada poderão recusar solicitação de reunião em qualquer tempo, ainda que atendidas as orientações vigentes, de acordo com a conveniência e os interesses institucionais envolvidos.
Brasília, 12h21min