BC do Brasil copiou PIX de Portugal, que se chama MB Way

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O presidente Jair Bolsonaro mente descaradamente quanto diz que foi no seu governo que o Banco Central criou o PIX, que seria uma invenção brasileira.

Na verdade, o BC do Brasil, ainda no governo de Michel Temer, copiou o sistema implantado em Portugal em 2015, chamado de MB Way, que permite todos os tipos de transação financeira. De transferências a saques em conta-corrente.

Um dos pioneiros no MB Way, cujo sucesso estimulou o PIX, foi o Banco BPI, hoje controlado pelo grupo espanhol CaixaBank. De início, as operações eram taxadas em 0,20 de euros (R$ 1,10), mas, depois, tornou-se praticamente gratuito.

A maior parte dos trabalhadores liberais prefere receber pelo MB Way, pois o dinheiro cai na hora na conta-corrente, e não há custo, ao contrário de outras operações bancárias.

A brasileira Maria da Penha, 56 anos, prefere sempre receber as diárias de limpeza que faz em casas e apartamentos por meio do MB Way. “Não tenho custo nenhum”, diz. “Ou recebo em dinheiro ou pelo MB Way”, ressalta.

Ela, que mora há 20 anos em Portugal, diz que, recentemente, ouviu falar do PIX no Brasil. “Alguns familiares dizem que usam. Mas já temos o MB Way há bastante tempo”, ressalta.

Economistas de mercado financeiro dizem que o PIX brasileiro foi inspirado no MB Way português, serviço que funciona totalmente pelo celular. “O BC brasileiro copiou descaradamente o modelo português”, afirma um profissional.

Caixas eletrônicos

Portugal está à frente, inclusive, na integração dos sistemas dos bancos. Há o chamado Multibanco, criado por brasileiros, que viram os problemas brasileiros e corrigiram no país europeu. É possível, com um cartão bancário, sacar em caixas eletrônicos de todos os bancos, independentemente da instituição em que a pessoa é cliente.

Ou seja, correntistas do Banco BPI pode sacar nos caixas eletrônicos do Novo Banco e do Millenium e vice versa. O mesmo Multibanco, que foi considerado o sistema de integração mais avançado do mundo, funciona como maquininha eletrônica única no comércio para pagamentos e tem uma série de funcionalidades, como comprar bilhetes de trem, o passe mensal do transporte público e o via verde do pedágio.

Hoje, no Brasil, um cliente no Bradesco não pode sacar nos caixas eletrônicos do Itaú Unibanco ou do Banco do Brasil. No caso das maquininhas, ou é da Cielo, da Rede ou da Stone, por exemplo.

Com essa integração em Portugal, todos os custos operacionais caíram, e os maiores beneficiados são os correntistas, claro. No Brasil, há décadas o Banco Central vem tentando criar um sistema único para saques em caixas eletrônicos, mas o lobby dos bancos não permite.

O máximo que o BC conseguiu, além do PIX, foi abrir o mercado de maquininhas, que era dominado, até então, por duas empresas, a antiga Visanet (hoje, Cielo) e a Rede (ex-Mastercard). A concorrência fez cair o custo para os comerciantes.

Vale ressaltar ainda que o Multibanco português, que é tão bom, vem sendo atualmente atacado pela Visa e pela Mastercard, que introduziram o sistema contactless no sistema de cartões, mas que é muito vulnerável a fraudes.

Vicente Nunes