ANTONIO TEMÓTEO
A equipe do presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, não faz comentários sobre eleições. Deixa isso claro todas as vezes em que é questionada sobre os impactos do processo eleitoral na economia e nos juros. Entretanto, o tema virou assunto recorrente nos encontros do mercado com os diretores da autoridade monetária.
A única forma que o BC se manifesta publicamente sobre o assunto é quando afirma que “uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária”.
Pois bem. A palavra “reformas” foi citada oito vezes na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o maio número desde julho de 2017. Vale lembrar que aquela reunião do colegiado ocorreu após a divulgação das delações da JBS e enterrou a possibilidade de votação da reforma da Previdência. Naquela ocasião os diretores citaram a palavra 11 vezes.
Está cada vez mais explicito na comunicação do BC que as eleições afetarão a trajetória de juros no Brasil se um candidato sem compromisso com a continuidade das reformas e dos ajustes for eleito Presidente da República. Para piorar, a autoridade monetária ainda alertou para os riscos da guerra comercial e da piora do ambiente internacional.