ROSANA HESSEL
Todo início de governo costuma ser confuso e com muita bateção de cabeça. Isso é natural. Mas a falta de organização da atual administração nas agendas das autoridades está deixando todo mundo de cabelo em pé na Esplanada dos Ministérios fora e dentro do governo.Conforme a Lei de Transparência, a agenda do presidente da República, do vice-presidente, dos ministros de Estado, de secretários, de presidentes de estatais e de demais autoridades com cargos de chefia precisa ser publicada diariamente, de preferência, na véspera. Mas, desde 1º de janeiro, a maioria dessas agendas é atualizada após os compromissos terem ocorrido.
Esse procedimento cada vez mais comum no Palácio do Planalto e nos principais ministérios do governo de Jair Bolsonaro faz com que até mesmo assessores de ministros façam portarias nos gabinetes para saber quem entra e quem sai de tão confuso que anda o dia a dia na Esplanada. A tradicional portaria costuma ser um expediente dos jornalistas em frente aos ministérios da Esplanda para ouvir quem se reúne com os ministros. Uma das mais movimentadas, ultimamente, é a do ministro da Economia, Paulo Guedes.
A torcida de todos é que essa falta de transparência seja apenas um momento de adaptação nesse início de governo para lá de tumultuado. Contudo, é preciso ficar de olho se essa confusão já não é reflexo do decreto 9.690/19, publicado no Diário Oficial da União (DOU), em 23 de janeiro, que estabeleceu novas regras sobre a delegação de competência para classificação de informações em grau reservado, secreto e ultrassecreto. Esse decreto, assinado pelo vice-presidente Hamilton Mourão deve aumentar a dificuldade para o acesso à informação pela Lei de Acesso à Informação (LAI), segundo especialistas.