Ainda que seja muito bem-vindo, o manifesto assinado por banqueiros, empresários, economistas e intelectuais defendendo a democracia e atacando os movimentos golpistas do presidente Jair Bolsonaro, é importante ressaltar que muitos do que colocaram os nomes nos documentos apertaram o número 17 nas urnas em 2018.
A justificativa foi a de que valia tudo para derrotar o PT. Portanto, todos sabiam o risco de retrocesso que o país estava correndo com a eleição de Bolsonaro, dado o histórico do presidente, que sempre flertou com regimes autoritários e nunca demonstrou a menor capacidade de comandar um país com as complexidades do Brasil.
Havia boas opções nas quais os donos do dinheiro poderiam ter votado. Basta dar uma olhada na lista dos candidatos à Presidência. Mas pesou o anti-petismo. O PT era o grande mal a ser vencido. A opção foi por um incompetente, que se acha acima do bem e do mal. Deu no que deu.
A pergunta que fica é: caso a polarização entre Bolsonaro e o PT se repita em 2022, essas mesmas pessoas que assinam o manifesto defendendo a democracia vão votar pela reeleição do presidente? Não dá para se posicionar, agora, contra a ameaça de golpe e, depois, endossar nas urnas quem defende um regime autoritário. Seria muita hipocrisia.
Brasília, 10h06min