Os bancos estão receosos em relação ao que pode ocorrer depois das eleições, a depender de quem for o eleito em outubro próximo. Temem o agravamento da crise econômica e a disparada dos calotes, o que, se ressalte, não ocorreu mesmo nos momentos mais críticos da recessão.
O receio não se restringe às instituições financeiras. Também a clientela está retraída. Do lado das empresas, com os negócios praticamente parados, não há nenhum incentivo para o endividamento. Entre os consumidores, o temor de desemprego impede a tomada de crédito. Esse, inclusive, é um dos motivos para a retração das vendas do varejo.
Executivos de bancos dizem que o comportamento defensivo do sistema financeiro e dos tomares de crédito é compreensível, dadas às incertezas nas quais o país está mergulhado. “Não se consegue ver além de um mês”, afirma um executivo. “Para não cometer erros, é melhor ficar parado. Esse é o pensamento de está imperando no país”, acrescenta.
Mas não é só isso. As taxas de juros futuros, que servem de referência para a formação do custo do dinheiro, dispararam, encostando nos 8,5% ao ano. Estão muito acima da taxa básica (Selic), de 6,50% anuais. Assim, quando fazem as contas e veem o tamanho do risco e dos custos que terão que assumir, os tomadores fogem do crédito.
A tendência é de o mercado de crédito só voltar à normalidade em um ou dois meses depois das eleições, quando se tiver um quadro claro do que será o próximo governo. Hoje, ouvindo os discursos dos candidatos e lendo suas plataformas de governo, há razão de sobra para se ter medo. O Brasil está beirando o precipício.
Brasília, 19h45min