ANTONIO TEMÓTEO
Uma possível quebra do grupo J&F, controlador da JBS, acarretará enormes prejuízos aos bancos públicos e aos fundos de pensão de estatais, os principais credores do conglomerado construído pela família Batista. Os bancos fizeram empréstimos bilionários às empresas de Joesley e Wesley, além de deterem participações acionárias nas companhias, como é o caso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As fundações são donas de parte de empresas do grupo J&F e já vêm acumulando perdas em seus balanços por causa da forte desvalorização das ações das companhias no mercado. Os fundos mais prejudicados são a Funcef, dos empregados da Caixa Econômica Federal, e a Petros, dos funcionários da Petrobras.
Segundo integrantes do mercado, além do Banco do Brasil, da Caixa e do BNDES, concentram empréstimos ao grupo J&F o Bradesco e o Santander. Juntos, detêm quase a metade das dívidas bruta de R$ 58 bilhões e líquidas, de R$ 47,8 bilhões, do conglomerado. No total, 18 instituições detêm mais de 90% dos débitos das empresas da família Batista. Todas já trabalham com a decretação de um processo de recuperação judicial.
Não por acaso, os bancos estão estressados com o noticiário em torno dos rumos do grupo J&F. A situação se agravou diante da decisão da Justiça de impedir a venda de ativos. O grupo informou, recentemente, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que iria se desfazer de R$ 6 bilhões em empreendimentos para honrar dívidas de R$ 18 bilhões que vencem nos próximos 12 meses.
Para analistas do mercado, o setor de carnes, que responde por boa parte do faturamento do grupo J&F, enfrenta uma crise sem precedentes, e isso só agrava a situação das empresas de Joesley e Wesley Batista. Não bastasse o terremoto provocado pela Operação Carne Fraca e pela delações que dos irmãos Batista que quase derrubaram o governo de Michel Temer, agora, os frigoríficos estão sendo obrigados a lidar com a suspensão das importações de carne fresca pelos Estados Unidos.
As próxima semanas serão decisivas para o grupo J&F. O corte das linhas de crédito por parte dos bancos é visível. Se não encontrarem uma saída rápida da crise, as empresas se definharão de uma forma tão rápida, que não haverá retorno. O J&F assegura que o funcionamento de todas as empresas do grupo está correndo dentro da normalidade.
Brasília, 20h01min