O Banco Mundial (Bird) reduziu a previsão de crescimento global em 2016 de 2,9% para 2,4%, diante do fraco desempenho das economias avançadas, dos preços de produtos básicos (commodities) obstinadamente baixos, do comércio global fraco e da retração dos fluxos de capital.
“Esse crescimento lento ressalta por que é criticamente importante que os países adotem políticas que impulsionem o crescimento econômico e melhorem a as condições das pessoas que vivem em extrema pobreza,” afirma Jim Yong Kim, presidente do Bird. “O crescimento econômico continua a ser o impulsor mais importante da redução da pobreza e, por isso, estamos muito preocupados com o fato de o crescimento estar diminuindo consideravelmente nos países em desenvolvimento exportadores de produtos básicos devido aos baixos preços”, emenda.
Segundo as previsões, os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento deverão expandir-se a uma taxa de 5,8% em 2016, uma modesta redução comparada ao ritmo de 5,9% de 2015. Entre as principais economias de mercado emergentes, a China deve crescer 6,7% em 2016, ante os 6.9% no ano passado. A robusta expansão econômica da Índia deverá manter-se inalterada em 7,6% enquanto o Brasil, com retração de 4%, e a Rússia deverão permanecer em recessões mais profundas do que as previsões feitas em janeiro.
Veja as perspectivas regionais segundo o Bird:
Leste Asiático e Pacífico: O crescimento do Leste Asiático e região do Pacífico deverá cair a uma taxa não revisada de 6,3% em 2016. Prevê-se que a expansão da China diminua para 6.7%, conforme projetado em janeiro. Segundo as projeções, essa região, com exceção da China, deverá crescer a uma taxa de 4,8% em 2016, sem alteração em comparação com a taxa de 2015. Essa perspectiva supõe uma redução ordenada do ritmo de crescimento da China, acompanhada de um progresso contínuo em matéria de reformas estruturais e um estímulo de políticas apropriadas conforme necessário. O crescimento no restante da região deverá ser apoiado por um investimento crescente em várias economias grandes (Indonésia, Malásia e Tailândia) e um sólido consumo apoiado por baixos preços de produtos básicos (Tailândia, Filipinas e Vietnã).
Europa e Ásia Central: A contínua contração na Rússia está mantendo a taxa de crescimento prevista para a região em 1,2% em 2016, ou seja, uma alteração desfavorável de 0,4 ponto percentual com relação à previsão de janeiro. Preocupações geopolíticas, inclusive rompantes de violência no leste da Ucrânia e no Cáucaso, bem como ataques terroristas na Turquia, pesam nas perspectivas. Com exclusão da Rússia, prevê-se que a região experimente uma taxa de expansão de 2,9%. As projeções de crescimento da parte ocidental da região foram reduzidas com relação às perspectivas de janeiro à medida que os países se ajustam a preços mais baixos do petróleo, metais e produtos agrícolas básicos. A atividade na parte ocidental da região se beneficiará do crescimento moderado na zona do euro e da intensificação da demanda interna, ajudada por custos modestos dos combustíveis.
América Latina e Caribe: Segundo as previsões, a região sofrerá uma contração de 1,3% em 2016 após um declínio de 0,7% em 2015, os primeiros anos seguidos de recessão em mais de 30 anos. Segundo projeções, a expansão deverá começar novamente em 2017, ganhando gradualmente impulso para alcançar cerca de 2% em 2018. As perspectivas variam nos diversos pontos da região. Prevê-se que a América do Sul sofra uma contração de 2,8% neste ano, seguindo-se uma leve recuperação em 2017. Em contrapartida, apoiada por vínculos aos Estados Unidos e um nível sólido de exportações, a produção no México e sub-região da América Central e no Caribe deverá atingir 2,7% e 2,6%, respectivamente, em 2016 e mais em 2017 e 2018. O Brasil deverá sofrer uma contração de 4% em 2016 e sua recessão deverá continuar em 2017 em meio a tentativas de arrocho das políticas, aumento do desemprego, redução da renda real e incerteza política.
Oriente Médio e Norte da África: Segundo as previsões, o crescimento na região deverá ter uma elevação modesta de 2,9% em 2016, o que representa 1,1 ponto percentual menos do que previsto na perspectiva de janeiro. A revisão desfavorável surge à medida que, segundo as expectativas, os preços do petróleo se apresentam mais baixos durante o ano, a uma média de US$ 41 por barril. A razão principal da leve melhoria no crescimento regional em 2016 é uma sólida recuperação prevista para a República Islâmica do Irã após a remoção das sanções em janeiro. Prevê-se uma reativação dos preços médios do petróleo em 2017 para apoiar uma recuperação do crescimento regional de 3,5% em 2017.
Sul da Ásia: Segundo as previsões, o crescimento no Sul da Ásia deverá atingir 7,1% em 2016, apesar do crescimento mais fraco do que o previsto nas economias avançadas, o que reduziu o aumento das exportações na região. A atividade permaneceu resiliente, uma vez que demanda interna, o principal impulsor do crescimento, continuou robusta. A Índia, a maior economia da região, mostrou uma atividade fortalecida, o mesmo ocorrendo com o Paquistão, Bangladesh e Butão. A maioria das economias do Sul da Ásia beneficiou-se do declínio dos preços do petróleo, baixa inflação e fluxos constantes de remessas.
África Subsaariana: Prevê-se que o crescimento na África Subsaariana sofra retração novamente em 2016 para 2,5%, em comparação com os 3,0% estimados para 2015, uma vez que os preços dos produtos básicos deverão permanecer baixos, a atividade global deverá ser fraca e as condições financeiras, restritas. Não se prevê que os exportadores de petróleo experimentem aumento significativo no consumo, embora uma inflação mais baixa nos países importadores de petróleo deva apoiar a despesa dos consumidores. No entanto, a inflação dos preços de alimentos em consequência da seca, o alto desemprego e o efeito da desvalorização da moeda poderão anular parte desta vantagem. Prevê-se que o aumento do investimento diminua em muitos países à medida que os governos e investidores reduzam ou retardem as despesas de capital em um contexto de consolidação fiscal.
Brasília, 17h14min