Banco Central eleva de 2% para 2,9% projeção de crescimento do PIB

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ROSANA HESSEL

O Banco Central atualizou suas perspectivas macroeconômicas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (28/9), e elevou de 2% para 2,9% previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e manteve em 5% as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial.

“A atividade econômica surpreendeu novamente no segundo trimestre ao crescer 0,9%. Avalia-se que o forte crescimento no primeiro semestre em parte reflete fatores transitórios e que permanece a perspectiva de que a atividade cresça em ritmo menor nos próximos trimestres e ao longo de 2024”, destacou a autoridade monetária no RTI. Para o próximo ano, o BC projeta avanço de 1,8% no PIB.

As projeções de inflação permaneceram em 5%, em 2023, acima do teto da meta de 4,75%, mas subiram de 3,4% para 3,5%, em 2024, na comparação com o Relatório anterior. Para 2025, as estimativas para o IPCA foram mantidas em 3,1%, mesmo patamar para o IPCA estimado em 2026.  Nos próximos anos, a meta de inflação será de 3%, com teto de 4,5%.

De acordo com as informações do RTI, as projeções para a inflação de preços administrados são de 10,5%, em 2023; 4,5%, em 2024; e 3,6% em 2025. As estimativas para a inflação dos preços administrados no Relatório anterior eram de 9%, em 2023, e de 4,6%, em 2024.

“O movimento reflete a retirada, do período de cálculo, dos meses de 2022 em que houve impacto de desonerações tributárias e de redução de preços de combustíveis. Nessa métrica, os núcleos de inflação recuaram, indicando que está em curso processo de desinflação, mas permanecem acima da meta para a inflação”, destacou o documento de 85 páginas.

Ambiente externo incerto

No documento, o BC reconheceu que o ambiente externo “mostrou-se mais incerto, embora o crescimento esperado para 2023 em diversas economias continue sendo revisado para cima”, sinalizando maior preocupação com a inflação, de forma geral, especialmente a de serviços, que está mais resiliente.

“Recentemente, novos receios sobre o setor de incorporação imobiliária na China e a alta dos juros de longo prazo nas principais economias elevaram os riscos de desaceleração prospectiva da economia global. Em um ambiente em que a inflação segue em patamares historicamente elevados, os bancos centrais das principais economias continuam reafirmando seus compromissos em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, elevando as taxas de juros ou ressaltando a necessidade de mantê-las em patamares elevados por um longo período”, alertou o BC.

Vicente Nunes