Banco Central detalha pacote de R$ 1,216 tri contra a crise do coronavírus

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ROSANA HESSEL

MARINA BARBOSA

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, um pacote que ele chama de “o maior da história”, totalizando R$ 1,216 trilhão, aumentar a liquidez no mercado durante a pandemia da Covid-19, provocada pelo novo coronavírus. Esse montante equivalente a 16,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e supera em quase dez vezes os R$ 117 bilhões anunciados durante crise financeira global, ocorrida entre 2008 e 2009, e que representaram 3,5% do PIB.

“O BC está absolutamente tranquilo em relação ao que estamos atravessando”, afirmou o ministro, nesta segunda-feira (23/03), durante a apresentação das medidas e reforçou que o “arsenal é grande”, inclusive, para lidar com o desvalorização do câmbio.

O novo pacote inclui medidas já anunciadas neste ano, três ações divulgadas hoje e outras que estão em elaboração. Ele inclui, por exemplo, ações de fevereiro,  quando o BC fez a primeira redução de compulsório para depósitos de longo prazo no ano, injetando R$ 135 bilhões no mercado ao reduzir de 31% para 25% a alíquota. Com a nova redução para 17% de hoje, houve um adicional de liberação de recursos de R$ 68 bilhões. Esse valor somado, de R$ 203 bilhões, é 147% maior do que os R$ 82 bilhões liberados em 2008.

Além da redução adicional do compulsório, o BC anunciou uma linha de crédito corporativo temporária com lastro em debêntures para irrigar o mercado de crédito, no valor de R$ 91 bilhões. A terceira medida apresentada hoje cria um novo Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE), dando acesso aos fundos de investimento com valores maiores, no valor estimado de R$ 200 bilhões. Em 2008, esse mecanismo foi utilizado, mas em valor menor, de R$ 10 bilhões, segundo Campos Neto. O valor mínimo da DPGE é de R$ 1 milhão.

De acordo com o ministro, outras fontes de liquidez estão em estudo, como letras financeiras, que poderiam injetar outros R$ 670 bilhões no mercado. “E podemos fazer nova liberação do depósito compulsório”, adiantou Campos Neto. Segundo ele, as ações têm como objetivo proteger, principalmente, as pequenas e médias empresas, que serão as que vão sofrer mais. “Queremos ter certeza que as medidas consigam atender essas empresas”, afirmou.

Na avaliação do ministro, não há garantia de que essa injeção de liquidez vai irrigar o mercado, mas o BC pretende monitorar as ações dos bancos para que isso aconteça. Campos Neto reforçou que as medidas de enfrentamento ao coronavírus que foram anunciadas nesta segunda-feira podem reduzir a taxa de juros que é cobrada ao consumidor final, reduzindo o spread bancário, margem do sistema financeiro entre a taxa de custo e o que eles cobram do consumidor, incluindo despesas operacionais e a margem de lucro.  “Estamos atuando onde achamos mais importante para baratear o crédito na ponta”, disse.

Ao comparar com a crise 2008, ele destacou que a crise atual é muito mais relacionada ao impacto do distanciamento das pessoas nas linhas de produção e no setor de serviços, que têm um grande peso no PIB, superior a 60%.  Ele lembrou que, em 2008 e 2009, a crise foi de alavancagem dos bancos, e hoje, esse problema foi sanado, porque o endividamento do sistema financeiro.

Veja abaixo o quadro com o pacote deste ano e o comparativo com o de 2008:

Vicente Nunes