“A greve dos caminhoneiros pelo visto não teve muita adesão, e, por isso, não criou um novo fato preocupante, e a Bolsa acabou acompanhando o mercado externo com a ausência de uma crise maior”, explicou Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. O medo de multa ajudou a esvaziar as manifestações, segundo os motoristas.
Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltar a criticar os reajustes da companhia e antecipar mais um aumento nos combustíveis “daqui a 20 dias”, os dados mais fortes da companhia ajudaram a B3 a ficar no campo positivo, de acordo com o analista.
O Índice Bovespa fechou o dia de hoje a 105.550 pontos, com alta de 1,98% em relação aos dados de sexta-feira (29/10). Os papéis do Banco Inter tiveram as maiores valorizações no dia, mas a Petrobras, uma das ações mais negociadas na B3, também apresentou elevação de 3,71% (preferenciais) e de 3,72% (ordinárias).
“A Petrobras teve uma recuperação interessante e ainda falou que vai investir mais. É uma sinalização muito boa, porque a estatal investe nove vezes mais do que a Telefônica, que é a segunda empresa que mais investe internamente. A Petrobras costuma representar entre 5% e 10% de todos os investimentos feitos no país”, afirmou. “Achei muito boa a notícia de que revisará os R$ 55 bilhões para cima”, acrescentou.
Menor nível em um ano
Arnaldo Lima, diretor de Estratégias Públicas do Grupo Mongeral Aegon (MAG), lembrou que, apesar de iniciar novembro no campo positivo, o Índice Bovespa, está “no menor nível em quase um ano”.
“A alta de 1,98% hoje permitiu um maior alinhamento com as bolsas internacionais, que também tiveram alta hoje, e foi potencializada com a menor preocupação do mercado em relação à greve dos caminhoneiros, aliada a fala do presidente que a Petrobrás divulgará um aumento no combustível em 20 dias”, disse Lima. Ele lembrou que o aumento do preço futuro petróleo, puxado pela expectativa de manutenção da produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), ” também influenciou positivamente na alta das ações da Petrobras hoje”.
As expectativas para o mercado financeiro, no entanto, estão cada vez mais pessimistas. A mediana das previsões do mercado para o crescimento do país, contabilizadas pelo boletim Focus, do Banco Central, foram revisadas novamente para baixo, em um claro sinal de perda de confiança no atual governo.
A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e do próximo passaram para 4,94% e 1,20%, respectivamente. Já as projeções de inflação em 2021 subiram pela 30ª semana consecutiva e já estão em 9,17%. “Focus veio ruim mas como esperado, e vai piorar mais”, alertou Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.