Auxílio emergencial pode gerar ganho médio de 2,46% no PIB

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ROSANA HESSEL

O auxílio emergencial de R$ 600, destinado à população mais vulnerável e que teve perda de renda com a crise provocada pela pandemia de covid-19 e que foi prorrogado por mais dois meses, deve contribuir para um ganho médio de 2,46% no Produto Interno Bruto (PIB) nominal com o pagamento de cinco parcelas, o equivalente a R$ 178,6 bilhões.

Essa á uma das conclusões do “Estudo de Avaliação da Renda Básica Emergencial: Aspectos de Focalização e Eficácia do Programa”, realizado pelos economistas Ecio Costa, professor da Universidade Federal e Pernambuco (UFPE) e Marcelo Freire, gerente de Desenvolvimento Econômico da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco (SDEC-PE). Antes, a expectativa de ganho nacional no PIB era de 1,5% com as três parcelas do auxílio.

“O benefício vai ajudar a minimizar o impacto da crise provocada pela covid-19 no PIB brasileiro. E o mais interessante é que o programa tem maior eficácia nas regiões mais pobres do país”, destacou o economista Ecio Costa, em entrevista ao Blog. Ele contou que o estudo levou em consideração as variáveis do PIB, do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e de outros indicadores socioeconômicos.

Costa destacou que as regiões Norte e Nordeste são as mais beneficiadas pelo auxílio emergencial, onde que devem ser o destino de 38,28% dos recursos estimados pelo estudo. Os estados dessas duas regiões  possuem, em média, 51% dos beneficiários do programa oriundos do Bolsa Família, com Piauí e Maranhão com as maiores taxa, de 58,4% e de 57,7%, respectivamente.

Aliás, o Maranhão é o estado que lidera a lista de ganhos de com o auxílio emergencial no PIB, que passará de 5,1%, com três parcelas, para 8,55%, conforme o levantamento. Já o Distrito Federal, que possui a maior renda per capita do país, ficou na lanterna do impacto do auxílio emergencial no PIB, de 0,67%. Antes, esse percentual era de 0,4%, com as estimativas de apenas três parcelas.

Vale lembrar que o valor médio do Bolsa Familia pagava era de R$ 191 e, com a migração para o programa do auxílio emergencial, o benefício passou para R$ 600. Isso significa um salto médio de 214,1% na renda, que acaba refletindo em maior poder de consumo dessas famílias. “O dinheiro está circulando nas cidades mais pobres do Norte e do Nordeste, o que é positivo”, disse Costa.

Conforme dados do Ministério da Economia, o pagamento de mais duas parcelas de R$ 600, devem impactar em R$ 100 bilhões em gastos adicionais da União, devendo elevar o custo do programa para mais de R$ 250 bilhões.

Os dados mais recentes da Caixa mostram que foram creditados R$ 108,1 bilhões para 64,7 milhões de beneficiários cadastrados. Costa evitou comentar os dados de fraudes no programa. “O impacto está sendo mais positivo do que negativo”, destacou.

O estudo ainda mostra que um aumento de 1% no peso da renda emergencial sobre o PIB implica em melhora de 7,1% do IDH regional. “Além de ajudar a evitar uma queda no PIB, o auxílio também tem impacto positivo na redução da desigualdade”, pontuou o professor da UFPE.

O economista chamou  atenção para o fato de que cerca de quase 3 milhões dos beneficiários não possuírem acesso às agências ou lotéricas para receberem os benefícios. “Essas pessoas precisam se deslocar a outras cidades para sacarem o dinheiro. Por conta disso, é importante que o governo melhore as formas de acesso ao recurso, como agilizar a abrangência de programas que permitam o saque em estabelecimentos comerciais”, destacou.

De acordo com o professor da UFPE, apesar do impacto positivo da renda emergencial no PIB, uma retração da economia mais forte não será evitada. Para ele, em vez das projeções mais pessimistas de queda de 9,1%, como a do Fundo Monetário Internacional (FMI), o tombo poderá ficar próximo da mediana das estimativas do mercado, de 6,54%, computada no boletim Focus, do Banco Central.

Veja abaixo as estimativas de impacto das cinco parcelas da renda básica emergencial no PIB nominal em cada estado e no DF:

Vicente Nunes