A Caixa Econômica Federal registrou lucro líquido de R$ 4,1 bilhões em 2016, mas o balanço da instituição está manchado por ressalvas feitas pela empresa de auditoria Ernst & Young em relação a desdobramentos da Operação Lava-Jato. A Caixa é alvo de pelo menos três frentes: as operações A Origem, Cui Bono e Greenfield.
Nas ressalvas, a Ernst & Young diz que não pode medir o real impacto para a Caixa sobre os investimentos que o fundo de pensão de seus empregados, a Funcef, fez na Eldorado Celulose, controlada pelo grupo J&F, dos notórios irmãos Joesley e Wesley Batista. A empresa está registrada no balanço da fundação por R$ 1,6 bilhão.
Segundo os auditores, dependendo das perdas que a Funcef pode ter com a Eldorado, a Caixa será obrigada a fazer aportes no fundo de pensão. Isso, inclusive, vale para outras operações que a Funcef se meteu, como a quase falida Sete Brasil, produtora de sondas para a Petrobras.
Os investimentos da Funcef na Eldorado, que também recebeu recursos do FIP-FGTS, fundo de investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), estão na mira da Polícia Federal por meio das operações Greenfield e Cui Bono.
Os auditores ressaltam ainda, no balanço da Caixa, os riscos de a instituição registrar perdas decorrentes de irregularidades em contratos com fornecedores e provocados por ex-dirigentes do banco. Essas suspeitas são investigadas pela operação A Origem.
A Caixa informa que todas as investigações internas sobre as suspeitas de irregularidades já foram concluídas, mas, para os auditores, é preciso esperar a conclusão das operações da Polícia Federal para se ter uma real dimensão das perdas que podem ser arcadas pelo banco.
Como em todos os governos, a Caixa está sob controle dos partidos políticos. Em troca de apoio no Congresso, o presidente Michel Temer entregou a presidência do banco a Gilberto Occhi, filiado ao PP. As vice-presidências foram rateadas com outros partidos da base.
Brasília, 10h30min