A perspectiva de o governo deixar para 2018 a votação da reforma da Previdência fez com que a Bolsa de Valores de São Paulo registrasse em novembro o pior mês desde maio, quando foi divulgada a delação da JBS. O Ibovespa, índice que mede a lucratividade das ações mais negociadas no pregão paulista, caiu 1% nesta quinta-feira, 30, fechando o mês com baixa de 3,15%, ante os 4,12% de maio.
Desde cedo, o mercado acionário se mostrou arredio, diante das incertezas em torno da capacidade do governo para conseguir os 308 votos necessários para aprovar a reforma em primeiro turno na Câmara dos Deputados na próxima semana. O nervosismo dos investidores aumentou depois que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ressaltou as dificuldades para o governo obter apoio às mudanças no sistema previdenciário.
O martelo sobre o futuro da Previdência será batido em um jantar no próximo domingo, 3 de dezembro, entre o presidente Michel Temer com líderes da base aliada. Auxiliares do peemedebista dizem que ele já reconhece que, faltando três semanas para o encerramento dos trabalhos do Legislativo, será difícil aprovar tema tão polêmico. O governo, no entanto, continuará firme com o discurso de que a reforma sairá de qualquer jeito, mesmo que em 2018.
A tendência é de o governo concentrar energia neste fim de ano para aprovar as medidas provisórias do ajuste fiscal. Entre as medidas, estão o adiamento do reajuste salarial dos servidores de 2018 para 2019, a elevação da contribuição previdenciária do funcionalismo de 11% para 14% e a tributação de fundos exclusivos. As MPs, se aprovadas, renderão mais de R$ 12 bilhões aos cofres públicos, facilitando o cumprimento da meta fiscal de deficit de até R$ 159 bilhões.
No mercado de câmbio, o dólar encerrou novembro com a primeira queda em quatro meses, de 0,06%. Nos últimos dois dias, porém, a moeda norte-americana saiu em disparada, devido às incertezas em relação à reforma da Previdência. Nesta quinta-feira, 30, particularmente, a divisa subiu 0,93%.
Brasília, 18h45min