Para os técnicos, não há dúvidas de que o ministro foi “desmoralizado”. “Uma decisão tão grave como essa deixa o ministro numa situação muito ruim”, afirma um dos integrantes da equipe econômica. Segundo ele, pode-se medir o tamanho da decepção de Paulo Guedes pela reação dele ao ser perguntado pelos repórteres sobre a intervenção de Bolsonaro na Petrobras. O ministro ressaltou o “silêncio ensurdecedor” dele para os questionamentos. Em um quadro de normalidade, Guedes, que está em Washington, Estados Unidos, não seria tão grosseiro.
Os técnicos asseguram que, dada à repercussão negativa da intervenção de Bolsonaro na Petrobras, certamente o presidente já deve ter falado com o ministro por telefone. Mas é difícil acreditar que Guedes esteja tranquilo. Quem o conhece sabe que ele tem pavio curto e não aceita ser desqualificado. Basta ver a reação dele quando foi chamado de “tigrão” e “tchutchuca” pelo deputado Zeca Dirceu (PT-PR) em uma sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “O ministro sabe que muito da credibilidade do governo vem dele. Portanto, se começa a ter a imagem arranhada, não deixará isso barato”, destaca outro técnico.
Para integrantes da equipe econômica, não adianta o governo vir com a desculpa de que a Petrobras está sob a alçada do Ministério de Minas e Energia e não do Ministério da Economia. “A intervenção que houve na Petrobras no governo Dilma mostrou o que não se deve fazer. Foi um marco de uma política desastrosa. Credibilidade é tudo para um governo. Não temos dúvidas de que o presidente, ao suspender o reajuste do diesel temendo greve dos caminhoneiros, minou uma boa parte do trabalho que vinha sendo feito pelo ministro Guedes. Isso não acabará bem”, acrescenta um terceiro técnico.
Por causa da decisão de Bolsonaro de intervir na Petrobras, as ações da empresa caíram mais de 8% na sexta-feira, 12 de abril, fazendo com que o valor de mercado em Bolsa da estatal recuasse R$ 32,4 bilhões.
Brasília, 10h54min