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Até 1,4 milhão de frascos de insulina de efeito rápido podem ir para o lixo

Publicado em Economia

O Brasil, realmente, é o país do desperdício. Por equívocos na política pública, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá jogar no lixo até 1,4 milhão de frascos (ou tubetes) de insulina análoga de ação rápida, apesar de quase 400 mil pessoas com diabetes tipo 1 estarem esperando pelo medicamento.

 

Os lotes da insulina de ação rápida, que age em apenas 15 minutos depois de aplicada nos pacientes, vencerão entre dezembro de 2020 e junho de 2021. O medicamento está parado nos depósitos porque os burocratas erraram na hora de classificá-lo. Em vez de entrar no rol de atenção básica, a insulina especial foi registrada como produto com componente especial.

 

Isso significa que, para terem acesso à insulina de ação rápida, os pacientes precisam passar pelas mãos de um endocrinologista, que deve fazer um relatório sobre a necessidade de uso. O problema é que não há endocrinologistas suficientes no SUS. São apenas 6 mil em todo o país, cujas consultas levam tempo para serem marcadas. E há muitos municípios que sequer têm endocrinologistas.

 

Nem 10% dos pacientes atendidos

 

A insulina especial — aprovada para incorporação ao SUS em 2016, mas com processo efetivado somente em 2017 — foi comprada para atender 396 mil pacientes com diabetes tipo 1. Até agora, contundo, apenas 30 mil foram contemplados (menos de 10% do total). O maior problema para esse quadro dramático está na burocracia.

 

Somente para preencher o formulário, o médico leva 45 minutos, sendo que as consultas no SUS não passam de 15 minutos. Segundo Vanessa Pirolo, que representa 35 associações de pacientes com diabetes junto ao governo, o formulário para acesso à insulina de ação rápida é muito complexo. Com isso, vários erros são cometidos no preenchimento, o que provoca um vai e volta do documento, para desespero de quem precisa do medicamento.

 

O SUS oferece dois tipos de insulina, a comum ou regular, que leva pelo menos uma hora e meia para fazer efeito, e a de ação rápida, que age em 15 minutos, ou seja, pode ser aplicada pouco antes das refeições, sem riscos para os usuários, mas, nesse caso, há toda uma burocracia. “A insulina comum faz parte do rol de atenção básica, a rápida, não, o que é um problema”, destaca Vanessa.

 

Descaso do Ministério da Saúde

 

Se nada for feito rapidamente para mudar a classificação da insulina rápida, todos os produtos comprados pelo governo vão se perder. “Milhões foram gastos nessas compras e milhares de pessoas estão à espera do medicamento. Não é justo. Tudo pode ser resolvido por uma mudança no protocolo”, ressalta Vanessa, da ADJ Diabetes Brasil.

 

Ela reclama que, há meses, as associações de pacientes vêm tentando um contato com o Ministério da Saúde para a marcação de uma audiência a fim de discutir o problema. Depois de muita insistência, finalmente o ministério marcou uma audiência on-line para esta terça-feira (1º de setembro). Resta saber de cumprirá o que prometeu.

 

Brasília, 12h54min