Assim como no Brasil, Portugal vê corrupção em projeto que leva internet às escolas

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Muitos brasileiros que se mudaram para Portugal sob a alegação de não suportarem mais a corrupção endêmica no Brasil estão se deparando com esquemas semelhantes em terras lusitanas, sobretudo na área de educação.

A percepção é de que o Centrão de Arthur Lira, o notório presidente da Câmara dos Deputados, está fazendo escola além-mar. Portugal assiste, agora, à difusão de ligações fantasmas pela internet.

O Tribunal de Contas de Portugal identificou que o governo federal pagou 3 milhões de euros (R$ 18 milhões) pela compra de cartões SIM, que dão acesso à internet, mas boa parte deles, totalizando 1,3 milhão de euros (R$ 7,8 milhões), não foi entregue.

Os cartões haviam sido prometidos a estudantes de baixa renda para que pudessem continuar os estudos on-line durante a pandemia do novo coronavírus, entre 2020 e 2021. Milhares ficaram sem assistência e foram bastante prejudicados.

“Constatou-se que foi paga a prestação de serviço de conectividade de equipamentos entregues às escolas, mas não aos alunos, e, portanto, sem qualquer ativação”, destacou o Tribunal.

A Alagoas de Lira

Voltando ao Brasil, mais precisamente a Alagoas, a Megalic, empresa ligada à família de Arthur Lira, venceu licitação para entregar kits robótica a escolas do estado. Cada kit, que custava R$ 2,7 mil no mercado, foi revendido ao setor público pela Megalic por R$ 14 mil.

Como mostrou a Folha de S. Paulo, os kits foram adquiridos por municípios alagoanos com dinheiro do Orçamento secreto para serem distribuídos a escolas sem a menor infraestrutura, sem água encanada e sem internet.

Os R$ 26 milhões (4,3 milhões de euros) para os kits robótica foram liberados de forma excepcional pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Até agora, ninguém prestou contas efetivamente dessa montanha de dinheiro.

Portugal e Brasil, como se vê, têm muitas coisas em comum. Inclusive, corrupção.

Vicente Nunes