As feridas criadas por Bolsonaro em André Brandão não cicatrizaram

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O presidente do Banco do Brasil, André Brandão, comemora a grande adesão aos programas de demissão voluntária (PDVs) abertos pela instituição — foram 5.533 funcionários, número acima da meta de até 5 mil —, mas não esconde o incômodo com a crise criada pelo presidente Jair Bolsonaro em torno do programa de reestruturação executado pela empresa.

Brandão e seus auxiliares anotaram no caderninho as declarações de Bolsonaro feitas há pouco mais de uma semana, quando ele visitou uma loja de motos em Brasília. Em conversa com apoiadores, o chefe do Executivo fez uma série de elogios a integrantes do governo, mas não citou o presidente do BB.

Contudo, nada incomodou mais Brandão do que o fato de Bolsonaro, na mesma conversa com apoiadores, ter dito que pode demitir o presidente do BB “na hora que quiser”, pois isso é prerrogativa dele. Brandão acreditava que o chefe não tocaria mais neste assunto em público para preservá-lo e preservar o banco.

Brandão chegou ao Banco do Brasil por meio do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do ministro da Economia, Paulo Guedes, que incumbiu o executivo de promover uma forte guinada na gestão da instituição, que havia degringolado durante a administração de Rubem Novaes.

Assim como indicou Brandão, Campos Neto também agiu como bombeiro para segurar o amigo quando Bolsonaro surtou ao ser cobrado por parlamentares da base do governo sobre o programa de enxugamento do Banco do Brasil. Além dos PDVs, o BB fechará 361 pontos de atendimento, sendo 112 agências.

Muitos políticos veem as agências do Banco do Brasil em suas cidades como um feito político. O problema, segundo Brandão, é que muitas são deficitárias e não se encaixam hoje num mundo totalmente tecnológico e de forte competição.

Dentro do Banco do Brasil, a visão é de que, apesar da crise e das feridas abertas na relação entre Bolsonaro e André Brandão, os desligamentos de mais de 5 mil funcionários do BB se confirmaram e todos os 361 pontos de atendimento incluídos no programa de reestruturação serão fechados até junho.

Brasília, 15h44min

Vicente Nunes