Um jornalista chinês, de uma agência de Xangai, expôs, em depoimento no fórum de imprensa, que tinha ficado receoso de ficar na Cidade Maravilhosa por conta das informações desencontradas que chegavam ao outro lado do mundo. Mas completou que o clima de Copa do Mundo 2014, um momento em que o Rio ainda transpirava otimismo, desanuviara as inseguranças dele e as recordações que levou daqui, na mala e na memória, o acompanharão pelo resto de seus dias.
No voo de volta, uma linda comissária de bordo, grega, esforçada no português, ao saber que éramos brasileiros, disse que o sonho dela era, um dia, conseguir passar um tempo no Rio, a cidade que mais a encantava no Brasil. Tudo isso acaba por nos afagar o ânimo, mesmo sabendo que as palavras elogiosas não escondiam o caos que a querida cidade se encontra.
O tapa na cara poderia demorar a ser dado, mas contrastes sempre precisam ser fulminantes. Ao desembarcar no Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, em pleno domingo, apenas uma das sete esteiras de malas estava funcionando. Em seis delas, silêncio da ausência de voos. O Rio tornou-se uma memória afetiva, não mais uma rota a ser escolhida sem sombras de dúvida.
Esta semana, a colega Vera Magalhães, do Estadão, publicou em seu twitter que o Hotel Marina, eternizado na canção da cantora com o mesmo nome, não mais acende seu letreiro. Por quatro anos estará fechado para reformas, na esperança de recuperar o brilho de outrora. 2021 é logo ali, será que há futuro?
Enquanto isso, o Tribunal Regional Federal manda prender a cúpula da Assembleia Legislativa do Rio, o ex-governador Sérgio Cabral segue encarcerado, o comando do Tribunal de Contas Estadual também. Como se diz no ditado popular, acaso é algo que não existe.
Brasília,