Igual a certos momentos em que o Brasil pensou melhorar seu lugar no mundo com o auxílio do dinheiro ex-soviético. Agora, o capitalismo mostra seus dentes eslavos. E o que era sonho e esperança há três décadas desfez-se numa grande noite de vodka.
Entre os analistas militares na União Europeia, destaque para alguns portugueses, principalmente alguns oficiais maiores. Esses dizem que a Rússia bombardeou uma barragem na Ucrânia. Mostram argumentos técnicos. Garantem outros que a Ucrânia esteve presente com bastante força. A Rússia teria mais máquinas de guerra, a Ucrânia, mais ousadia, o apoio da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). E, também, com destaque para os Estados Unidos.
No meio de acusações até descabidas, lembra-se que o rio tem duas margens, e cada uma tem dois lados. Povoados. Portanto, 700 mil pessoas no Dnieper a sofrer com o estouro da barragem, sem água potável, alimentos e milhares de casas vazias. Os dois briguentos principais seriam mais do que responsáveis, ainda que um deles, a Rússia, seja tida como mais forte.
Mas tem mais, que vem de outras fontes. O Canadá, em visita oficial a Kiev, prometeu US$ 500 milhões para conseguir mísseis antiaéreos, armas leves e munição, muitas munições. Inglaterra, França e Alemanha continuarão nos trabalhos de treinamento dos soldados ucranianos. E o Japão, até o Japão, veio a prometer vender armas para Volodimyr Zelensky.
Os russos estariam sozinhos e abandonados. Entregues a seu principal fornecedor de drones, o Irã. Em outra esfera, duas dores de cabeça: a Ucrânia, que não consegue explicar os fracassos iniciais na contraofensiva; e o silêncio de Biden e dos Estados Unidos para não admitirem que não sabem explicar, ainda, o que vai ou está a acontecer.
O CORREIO SABE PORQUE VIU
Estava lá. Houve um tempo, na extinta União Soviética, que o Brasil pensou em fabricar aviões e produzir vodka. A grande reunião foi em Rostov do Don. Lá, tinha uma fábrica de aviões e produzia-se vodka igual a todo país.
Sonho de uma noite de verão: um conjunto de bailarinos cossacos do mais puro e agreste, até uma genuína e brasileira roda de samba. Tudo na cidade centenária de Rostov do Don, palco de grandes enfrentamentos entre revolucionários brancos e vermelhos, com a vitória desses.
Iniciativa de um empresário brasileiro, dos que apareceram muitos no momento de abertura junto a ex-burocratas soviéticos doidos para se transformarem em “bizzniesmen”, nova nomenklatura para quem ainda não tinha capitalismo.
A moda soviética eram mesas com doze cadeiras. História da cultura moderna. Doze brindes oficiais. E assim foi. Autoridades e negociantes foram embora mais cedo. Os negócios não saíram, mas não faltou vodka para ninguém. No dia seguinte, quem voou foi a ressaca.
O país mudou, outras cidades fabricam hoje o avião Sukhoi. E a vodka? Bem, está no país e no mundo, onde tem marcas e tipos às centenas. Os dois países em conflito fabricam o produto. O Brasil continua seu processo, seu ritmo: cada vez melhor nos agronegócios, a melhorar inclusive na indústria aeronáutica de paz.
A Rússia mantém-se a modernizar seus projetos de petróleo e gás, além de ter continuado, com tecnologia sofisticada, a produção de modernos armamentos. E a venda deles. Assim é que se voa.