ARTIGO: Representante da última geração de ícones

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Por LUIZ RECENA GRASSI

Quando se falava da excelência das coisas, a referência era a esquadra inglesa. Da tecnologia ao glamour da corte; do futebol aos canhões, tudo passava pela rainha. A excelência, assim, era um ícone das representações da Inglaterra, algo inexpugnável, imbatível, de rara invencibildade. A rainha e o reino eram ícones. Eram. A rainha morreu e, na última semana, um verdadeiro ícone da excelência veio a pique, isto é, foi explodido. O Challenger-02, uma verdadeira máquina de guerra, pela primeira vez foi explodido. Autor: a Defesa Russa, que está a fazer miséria contra os equipamentos ucranianos, obsoletos a ponto de aliados tradicionais dizerem que a contraofensiva está a fazer água e a não conseguir sucesso em suas operações.

Os ucranianos estão perdendo de novo. Tudo pela falta de equipamentos velhos e de sobra de soldados muito novos e despreparados, com baixa qualidade de treinamento. Outro lado da guerra maior: os russos estão a dar demonstrações constantes de musculatura, de soldados treinados e de armamento moderno. Até os adversários reconhecem o poderio russo de gente e de armas e munições. São tanques e mísseis de alta potência, navios de guerra e carga, aviões e drones de vários modelos, todos de alta capacidade bélica.

Uma única e boa notícia para a Ucrânia veio da Alemanha: Olaf Scholz e o governo germânico anunciaram ajuda de 2,7bilhões de euros para a Defesa de Zelenski. O dinheiro ainda não tem data para entrar no caixa, mas estaria garantido. Isso, estaria. Seriam garantias de que continuariam a chegar os aviões suecos, velhos, mas ainda em uso; os instrutores poloneses, as munições búlgaras. Tudo chegou nos últimos dias, permitindo ações de contraofensivas. A maioria, sem grande sucesso, poucas, com algum.

Enquanto isso a Rússia, melhor e mais organizada, vai boicotando as ações ucranianas. Poucas, porém, bem informadas fontes contrárias aos Estados Unidos, à União Europeia, à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e à Ucrânia garantem: os ucranianos estão perdendo cada vez mais espaço, armamento e soldados. A guerra, afinal.

O CORREIO SABE PORQUE VIU

Estava lá. Nos tempos da extinta União Soviética, na Perestroika, até o humor dos russos melhorou. Fazia-se piada, contava-se anedota sobre tudo. E sobre todos, principalmente sobre personalidades e autoridades. Nikolai Ryzhkov, primeiro ministro de Gorbatchov na maior parte do governo, ficou famoso por inventar projetos que não davam certo. Daí a história: camarada secretário, teria dito ao Kremlin, “temos um projeto infalível”.

Desenhamos um círculo e botamos quatro coelhos dentro; não houve fuga. Até o terceiro dia, quando um coelho fugiu. Fizemos outro projeto, com um quadrado dentro do círculo e três coelhos lá dentro. Pronto! Ao terceiro dia, dois coelhos fugiram. Reclamado, Ryzhkov defendeu-se: “Gorbatchov, o próximo não tem erro, fiz um ponto e encerrei o coelho. Fugiu também, agora, bem na hora de apresentar sucesso. Ele insistiu: “Vou apresentar um próximo, infalível”. Tarde demais. Havia já perdido o emprego.

Sobrou para Gorby. Irados com o líder pelo controle da vodka, vários foram ao palácio castigar o chefe. Voltaram sem nada ter ocorrido: a fila era muito grande e Mikhail Gorbatchov escapou de uma baita surra. O correspondente do Correio Braziliense e outro um russo pobre, usavam intérprete para não perder essas histórias e anedotas. Assim foi.

Vicente Nunes