Artigo: Primavera com girassóis

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Por LUIZ RECENA GRASSI, de Portugal

A guerra entre Rússia e Ucrânia passou de um ano, mas os participantes continuam iguais. Com o mesmo ódio e a mesma ferocidade. O mais novo chefe da Defesa da Ucrânia, trocado no começo da semana, informa ser dificílima a situação em Bakhmut. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, concorda com o ambiente de tensão na cidade e, como sempre, pede mais um dinheirinho e armas para se defender.

Na Rússia, representantes dos guerreiros põe-se de acordo enquanto a situação de Bakhumt é mais do que tensa, e os ucranianos poderão não aguentar o atual quadro de guerra. Vladimir Putin, presidente russo, garante que aumenta o seu poderio de fogo no Mar Negro. E fez a pior das previsões dos últimos dias: a guerra pode atravessar os próximos três anos.

As tensões vão de Bakhmut, Dombass, Zaporijia até Kiev. De um lado, os mercenários do grupo Wagner mostram sua força e poderio de fogo. De outro, os mercenários de vários países, dirigidos pelo ucraniano grupo Azov, bem menos robusto em matéria de poderio de fogo e frágil em material de guerra e soldados, com treinamento na Alemanha e na Polônia para aprender a atirar e usar mísseis e drones.

A Inglaterra treina soldados da Força Aérea, para que ucranianos aprendam a voar. A Rússia sofre o décimo pacote de sanções. Os yanques querem vender alguns, leves carros de combate. Então, uns ensinam e outros tentam aprender. A mãe de todas as batalhas, marcada para fim do ano, ou janeiro ou fevereiro, do ano que vem, tem data nova.

Agora, é para o começo da Primavera, para o ressurgir dos girassóis. Em todas as regiões. Em todos os países. Só que a paisagem bonita é o que de menos provável haverá para ver. Bombardeios, mísseis, drones, carros de combate são o que mais se verá. Sangue. Tudo sem qualquer expectativa de paz. A tão falada proposta da China segue num impasse; com os europeus de um lado, o oriente de outro, sem perspectivas.

Nem um dos lados quer ceder um palmo de terra, só espaços cheios sangue. No meio desse desejo todo há um grupo que não é novo, embora esteja outra vez bem disposto. Trata-se de países fora do conflito, nações críticas ou neutras, países que aproveitam para fazer negócios, nações dos chamados Brics. A mais recente tentativa pela paz vem de Brasil, China, India e África do Sul (Brics). Com a benção das Nações Unidas.

A partir desse quadro, novos estão a vir a colaborar com os que gostariam de ver ao trabalho. Mesmo que não haja nem um gesto, ou nem menos a tentativa pacificadora no momento. No caso do Brasil, há mais de 50 anos adota-se igual postura: não é pró posições europeias nem eslavas; tambéem não é a favor da Rússia, dos orientais e outros. Era assim até o frágil e último presidente. Quis reinventar a roda e deu com os burros n’água.

O CORREIO SABE PORQUE VIU

Estava lá. Toda vez que a Primavera chegava era uma festa na capital da Rússia. Se era Verão, então, os festejos e a alegria eram maiores entre os moscovitas. E era maior ainda entre cidades e países sem tradição de frio. A Primavera, então, podia ser chamada de “a estação dos brasileiros”. Sendo, no Brasil, tempo de trabalho, inúmeras possibilidades de negócios apareceram no mercado. Perestroika. Boas chances de grandes negócios.

Alguns renderam o suficiente e, até hoje, dão dividendos e fecham business. Junto a essas histórias, com esses conhecimentos, variados e saborosos casos nativos do país tropical. Dois empresários brasileiros foram jantar. Comeram, dançaram e, na hora de ir para o quarto do hotel, era impossível. O regime abriu, mas não muito. E lá foram os dois levar golpe dos mais antigos das noites do mundo. As russas tomaram o dinheiro deles, deram algum para o táxi e acabou.

Na ressaca do dia seguinte, reclamações contra o Serviço Consular. Mas elas cobraram. Sim, é o hábito. Mas elas não são soviéticas? Sim, como cobrar? Ora amigos, naquela época já se ganhava como profissional. Remuneração de carteira cheia. E lá foram os dois, emburrados, a voltar para São Paulo.

Vicente Nunes