Reage com drones, aviões quando voam e, sobretudo, com alguns soldados, já transformados em heróis do exército ucraniano, que improvisam situações de ataque e defesa.
Yevgueny Prigozhin. É um nome para entrar na história. Provavelmente, como vítima; depois, como objeto de estudos acadêmicos, em condições que vão dos líderes como Vladimir Putin, aos piores vilões da história russa mais recente.
A história não perdoa traidores, a memória também não; mas, contra a traição, é a possível ação de Putin neste final de agosto, começo de setembro. Há sinais de frescor, não por estes lados do Sul, mas mais próximos da guerra.
No meio de uma profusão de palpites, o mais prudente, neste momento, é comentários mínimos e ações as mais discretas do cenário. É tudo o que já não está a ocorrer nas mídias ocidentais em geral, particularmente, europeus. Sem esquecer os tradicionais aliados norte- americanos.
A esses todos, é bom lembrar: Moscou não acredita em lágrimas. Agora, assim como especula-se sobre a crise em Kiev; pode estar em gestação uma crise em Moscou. Ou seja, pode haver pequenas ou grandes crises de um lado. E o mesmo ocorrendo do outro.
O que muitos apostam, na verdade, o que muitos desejam: é que esta situação seja o começo de sinais de paz. Que acidentes, demissões dos dois lados, mortes, quedas e tragédias signifiquem, finalmente, a chance de propostas de paz. Ou não. Então a terra vai tremer.
E quanto mais atores, livres atiradores ou simplesmente oportunistas aparecerem, mais complicado ficará o futuro. A síntese, então, é a volta dos pensamentos sobre a paz.
É uma aposta, uma nova aposta que só teve eco no início da guerra, e não mais que poucos centímetros de território nas discussões. Nada indica que ande desta vez. A primeira grande questão permanece: quem quer a guerra? E quem poderia ser o iniciador de uma nova etapa?
O CORREIO SABE PORQUE VIU
Estava lá. Uma vez, tchan; duas vezes, tchan, tchan; três vezes, tchan, tchan, tchan. Até nisso houve mudanças nos últimos meses da extinta União Soviética. As pessoas, adultos na maioria, mas com a presença de milhares de jovens. Todo mundo queria emigrar, saber e conhecer as novidades das Américas.
Eram todos simpáticos entre si. Os que já tinham ido, os que estavam por ir, os que estavam ainda a tirar papéis. Sem pressa, porém, mas sem perder o foco das festas e de algum trabalho, remunerado em dólares. Aconteciam coisas dignas de Sobrenatural de Almeida, uma figurara dos antigos livros brasileiros, coisas difíceis de acreditar aconteciam com ele. E a turma só aumentou sua fama.
Aconteceu com o correspondente do Correio. Era o fim de uma sessão do novo Parlamento, e Boris Yeltsin descia a larga, imponente homenzarrão. Neste dia, tinha o triunfo estampado na cara. Com a vitória em uma das batalhas contra Gorbatchov. Ao vê-lo, fui para cima dizendo Brasil e outras frases que ajudassem.
Ele atendeu na maior boa vontade. Eu esperava meu intérprete, que sumira. A eternidade do tempo mostra a cara nestas horas. Quando, finalmente reapareceu, o líder já não tinha mais a mesma disposição. Sem ira, mas com firmeza perguntei por onde andara. No banheiro a fazer o número dois, bem demorado.
“Vick. não me faça mais isso”, disse. “Isso, qual a importância?, devolveu o intérprete. Caso perdido. E a história entrou para o meu anedotário como o dia em que perdi uma boa entrevista com Yeltsin, por que meu intérprete era um…cagão. Não perdoei e rebatizei o confrade. “Vick, o cagão”, entrou para a história.