Artigo: Mercenários mais fortes no conflito

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Por LUIZ RECENA GRASSI, de Portugal

Não existe mãe de todas as batalhas. Só fortes, preocupantes confrontos entre partes. O medo é de baixas pesadas, a cobrar contas cada vez mais altas. Além dos mortos há outro xadrez a ser jogado: o das novas armas e das políticas do front interno, na Europa, e os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), na Ucrânia, na Rússia. O jogo de guerra piorou as condições para os analistas militares. Ao tempo em que piora o quadro belicista, políticas ficam mais complexas e cheias de opções.

A começar a semana, falava-se sobre o grupo Wagner e suas proezas, para desespero dos clássicos de manual. É grupo particular e responde a Vladimir Putin. Ao terminar a semana, anunciou a primeira grande vitoria, a tomada de Soledar. Seis meses a ouvir críticas, inclsuive de generais russos. O Ocidente então vinha abaixo. Ninguém quer esse tipo de empresa. A Ucrânia negou sempre a participação de soldados de fora. Há seis meses foi dito que o segundo idioma da Defesa ucraniana era o polonês. Depois o inglês, depois a Torre de Babel. Agora caíram máscaras. O grupo Wagner ganhou, vai continuar.

A União Europeia e Otan admitem desde o começo ter financiado soldados para a Ucrânia. Agora está confirmado: mísseis, drones, armas passadas. Próximos lances virão menos manipulados e propagandistas. A luta não se detém. Da frente só armada vai-se num átimo ao mais político nem tão desarmado. É a questão interna de cada um dos principais enrolados no conflito. A Otan tem problemas com vários países, em grupo e separado. Dilema de sempre: ao anúncio de verbas de apoio quem vai pagar o grosso da conta, que armas serão vendidas à Ucrânia; armas novas não chegam a uma Defesa frágil e despreparada, a ser suprida por mercenários. Equipamento de segunda mão podem entrar, mas quebram e não conseguem receber manutenção.

Quem tem mais habilidade quer receber sua parte em moeda sonante. Como na assembleia dos ratos, todos têm ideias e ninguém tem solução. Os Estados Unidos assistem de longe: não podem a tudo dar solução, mas vendem arma, muita arma, recebem dos europeus e vendem mais um pouquito. A Ucrânia não sabe dessa verba, só que paga salários; nem soube até agora o que foi feito e o que ainda está por vir. Lá para as bandas do Kremlin poucos arriscam o futuro. Só que Putin e seus principais aliados ganham cabelos brancos ou aceleram a calvície.

O povão apóia o governo, mas faz críticas. Generais de Putin se alinham ou perdem espaço. O Kremlin fez nova troca de comando, segunda na guerra. Não é problemão, desde que traga junto grande vitória, tipo Soledar. Ainda assim surge o desgaste do líder. A guerra tem negociações e negócios; bombardeios externos, frentes internas. Tudo a ver: interesses, maioria, minoria. É jogo longo.

CORREIO SABE PORQUE VIU

Estava la. Uma lata de sopa é uma lata de sopa. Normal, com sabor ou não, com beleza plástica ou nem tanto. Se for uma lata de sopa Campbell’s vistosa, e saída de um quadro do pintor norteamericano Andy Wharol, a questão muda de forma sensível. Em Moscou há alguns anos esse ícone povoou corações, mentes estômagos de quem lá morava. Iniciava-se processo de liberdade de compras. Quem comprasse, passava.

Diplomatas e outros com regalias importavam o que queriam. De uísque a vinho francês, queijos variados e o velho Mallboro. Quando abriram as pequenas mercearias em moeda forte, outra festa. Correspondente fazia ocasião. Provei o elenco de sabores das sopas, e outras iguarias da época. Entre macarrões, Barilla era preferida, com diversos molhos, tipos, bitolas desde spaghetti a tagliatelli, passando por ravioli ou capeletti, fettuccine. Tudo com molho e festa. Um dos filhotes, na volta a Brasília, ao falar na escolinha sobre pratos típicos na extinta União Soviética, disparou sem erro: macarrão, ora!

Vicente Nunes