Biden Angela Weiss/AFP

Artigo: Festa maior é sempre do voto

Publicado em Economia

Por LUIZ RECENA GRASSI, de Portugal

 

A festa foi a eleição nos Estados Unidos. Avalanche de votos, participações recordes em muitos estados e vitórias de minorias. Resultado a derrotar novamente Donald Trump e eclipsar por dias coisas da guerra entre Rússia e Ucrânia. A força do voto pode ter mostrado outra vez ser maior que atrocidades bélicas.

 

Guerra não sai da notícia. Ao contrário, trouxe uma série de fatos novos. Nenhum estarrecedor, nem surpreendente para os analistas ou para o público que acompanha diariamente os acontecimentos. Os russos deixaram Kherson. Retirada não é derrota, comentou general português a lembrar negociações prévias entre Rússia e EUA, e destes com os aliados europeus, apoiadores práticos da Ucrânia.

 

Houve detalhes a serem observados antes dos russos se instalarem numa só margem do rio. A usina nuclear de Zaporijinia será russa e intocável pelo menos por algum tempo; e a Barragem de Kakhovka ficará tempo a entrar apenas na conta da água, longe de bombardeios ucranianos, ou ação terrorista de aliados sem noção. Dá para comemorar, sim. Retirada de mais forte e queda de cidade importante fazem bem para o moral da tropa. Mas sempre há mais.

 

Tem reunião do G-20 e Zelenski disse que, com Putin lá, não iria. O russo mandou seu ministro de Exteriores e o ucraniano agora diz que não vai. Paga por ser infantil. Turcos, chineses elogiaram o russo. A semana, aliás, começa com encontro entre Joe Biden e o chinês Xi Jimping. Há muito o que falar, de Taiwan às Coreias; de tecnologias ao mundo do petróleo e dos negócios. Também terá recados para os dois líderes em guerra: Biden dirá a Jimping alguns conselhos a Putin; e levará recomendações a Zelenski e aliados europeus e OTAN. A conversa entra na sala dos maiores.

 

Para Putin e Biden ainda há mais, há que negociar o novo Tratado de Não Proliferação Nuclear. O mundo sempre fica à espera de resultados. Acordo andou perigando, está de novo a bom caminho. Há reunião marcada. Não está previsto, mas podem surgir sinais para a paz. Condições para amaciar Rússia e seus lobos; ninar a Ucrânia, acalmar chefias belicosas da União Europeia.

 

Em jogo mais do que se imagina: dos tiroteios diários aos drones; e, no campo teórico, novas teses pouco estudadas. A guerra sai dos três limites clássicos (terra, mar e ar) e ganha mais dois: espaço externo (satélites, etc.) e o Cyberespaço (pura tecnologia, internet, etc.). É muito pequeno o grupo que domina todo esse elenco. Guerras ficam mais caras e para poucos jogadores. Abre-se lugar para a diplomacia, negócios e política. Biden é o vitorioso desses dias.

 

O CORREIO SABE PORQUE VIU

 

Estava lá. A extinta União Soviética tratava bem seus aliados. Dos mais aos menos queridos, todos tinham espaço no peito bolchevique. Era só obedecer. Hoje, retribuem com armas leves, muita munição para a Rússia de Putin usar na guerra. Aos pobrezitos cabiam as tarefas pesadas, que os russos não queriam.

 

Encontrei viets pequeninos em plantas de fábricas de pesados, limusines Zyl e outros veículos. Era gracioso ver máquinas (russas), chefes de tamanho extra (russos) nas mãos liliputianas do Vietnã. Assim se fazia pé de meia e mandava algum para casa. Em outras fábricas eram norte coreanos com o mesmo papel. Com eles havia barulho e altercações. Traziam na alma o gosto pelo jogo, paixão por negócios paralelos. Aí morava o perigo.

 

Tardes de sextas feiras, fim de turno, russos com sede e coreanos com garrafas e jogos de azar. O melhor era o das três formas a esconder, uma delas, um dado. O coreano levanta uma forma, mostra o dado e o tampa. Depois roda tudo, veloz. Para. Aposta e adivinha. O curtido bolchevique tem certeza de ter acompanhado a forma “premiada”. Erra. Paga e volta. Erra de novo, erra, erra. Cansa. Denuncia, quer moedas de volta. Circo. Coreano tenta fugir, não dá. Polícia chega, ninguém preso, afinal, garrafas sumiram, jogo também. Novo encontro sexta que vem.