Por LUIZ RECENA GRASSI
A Romênia fez a primeira limpa: suas forças de defesa vão treinar novos pilotos ucranianos em velhos F16 americanos. Apoio, solidariedade e um dinheiro em caixa. E, assim, vários mais fracos e com poucas armas, capazes de algum treinamento a ucranianos em troca de um punhado de dólares ou de euros. Nesse grupo estão bálticos e outros sem maior importância.
Num mês que começa com drones russos atacando alvos ucranianos e defesa da Ucrânia tentando fortalecer mais uma contraofensiva, Washington critica pesado a estratégia da última contraofensiva, com brigas em Kiev. Eles que venham ajudar no trabalho ucraniano, dizem na capital. A província espanhola de Lleida chamou, para contatos, soldados e milícias para lutar pela Ucrânia. Dizem que é sem soldo, o que é muito complicado. A exceção do quadro são os russos com negócios próprios.
A Ucrânia pede dinheiro a quase todos, principalmente aos mais fortes e ricos, como França, Alemanha, Estados Unidos. Sempre com um dinheiro a pagar ou financiar os valentes soldados ucranianos. Enquanto isso, pequenos fatos importantes: um encontro do presidente da Rússia, Vladimir Putin, com o presidente da Turquia, Recep Erdogan, para estabilizar o mercado e o fornecimento de energia e de abastecimento de grãos na região, e uma declaração do Papa Francisco com elogios à Grande Rússia e críticas negativas a Kiev, que deixaram Sua Santidade mal na foto.
Numa população de carolas, nascida na Rússia e reforçada pela Ucrânia, esse é um sinal ruim. Agravado por aliados que já começam a fazer críticas, tipo Ben Wallace, que renunciou ao cargo de chefe da Defesa da Inglaterra. Renúncia nada lisonjeira para o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, e os soldados dele. E limpa-se o caixa. No vai e vem, Zelenski demite o ministro da Defesa depois de 18 meses de guerra.
O lado de tudo isso, das munições da Bulgária às escolas de guerra da Inglaterra, Alemanha ou Polônia, limpa-se, raspa-se o pouquinho de dinheiro de cada caixa dos pequenos. Tudo pela sobrevivência dos soldados e civis ucranianos. Em 2022 os gastos globais dos ocidentais (Europa e Estados Unidos) passaram dos US$ 3 trilhões. Polônia, Suécia e outros pequenos estão na lista dos que ganharam um bom dinheiro.
A Ucrânia sozinha segurou mais de US$ 100 bilhões até agora, com uma mesadinha de US$ 1,2 bilhão, mais ou menos, por quinzena. O que não garante nenhum aliado dizendo que os ucranianos estariam aptos para entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A Rússia aparece como pacífica e garante que não precisa usar armas nucleares no conflito. Basta os adversários saberem que eles têm. E a chance de paz aumenta sem que ninguém roube comida de ninguém.
O CORREIO SABE PORQUE VIU
Estava lá. Yevgueny Prigozhin teria sido enterrado às escondidas e ninguém sabe onde. Espanhóis e ingleses, que costumam conhecer mais sobre russos, não sabem do que se trata e negam tudo. Sabem que foi em São Petersburgo, sem público e que o presidente Vladimir Putin não foi nem mandou representante. Nem era o caso.
Quando chegou em Moscou, o correspondente do Correio Braziliense encontrou um quadro de pesar. O governo russo tratava de substituir o falecido presidente da agência Tass. Um cargo mais de poder do que de dinheiro. O morto tinha ido ao Brasil algumas vezes. Tentado e conseguido fazer algumas acordos com a mídia brasileira. Foi um momento de tristeza. Além do qual, uma surpresa: a família do falecido devolveu as medalhas e comendas recebidas nos anos de trabalho. Era um hábito bastante respeitado. Um exemplo de honestidade pública.
O correspondente assistiu a outros casos de tanta honestidade quanto a anterior. Só a volta da Rússia é que mexeu, um pouco, na situação.