Por LUIZ RECENA GRASSI, de Portugal
Quem continua a luta são os jovens soldados russos e ucranianos. Há mais de ano se matando e se destruindo mutuamente. Sem saber bem o porquê. Há mais de ano, os políticos, primeiro, incentivam o conflito. Depois, com vagareza e conforme o que já ganharam e o bastante que irão ganhar, começam a falar em paz. Tentativas recusadas pelos jogadores principais.
Pequenos não entram ou são mantidos periféricos. Há muito em jogo: US$ 2,24 trilhões só ano passado. O chefe dos mercenários russos pediu 300 mil projéteis. Claro que nem tudo está metido nesta guerra, pois há pequenas escaramuças e muitas despesas domésticas nos orçamentos dos principais atores. Os Estados Unidos gastaram US$ 877 bilhões; China, US$ 292 bilhões; Rússia, US$ 87 bilhões; e outros, até o Japão, menor entre maiores, com US$ 46 bilhões.
Agora, com mais seriedade, iniciam as propostas. É o que está por vir com a entrada da China nas conversas e, depois, outros importantes: Estados Unidos, União Europeia, Ucrânia, até a divisão de propaganda da CNN saíram a contar o segredo de Polichinelo. O ministro da Defesa da Alemanha não cabe em si de felicidade: seu país foi autorizado a voltar para jogos de guerra. A Rússia, condenada, está nessa condição desde Napoleão.
O processo ganhou ritmo depois da guerra com a Finlândia, que abriu caminho para soviéticos na segunda Guerra Mundial. Cobram alguma conta passada. Revanche. Dos aliados que fizeram parte do sistema da antiga União Soviética até os que integraram efetivamente a extinta união russa. Saíram com a madrinha, a lamentar as derrotas, a misturar raiva com vodca. Não adiantou chorar. Moscou não acredita em lágrimas.
Então, a guerra e, neste momento, a expectativa de paz. A primeira sai muito caro e a paz exige cessões, de território, de serviços básicos, de armas. E gente, cadáveres de jovens soldados, dos dois lados. Entre batalhas, derrotas e vitórias, mais uma contraofensiva da Ucrânia, que espera recuperar terrenos e glória. A propaganda disso já começou. A Rússia se defende nas áreas já ganhas. Está condenada a seguir em guerra, nessa ou em outras.
A propaganda também começou. Há data marcada por Kiev e aliados: meados de maio. Quem garante datas e resultados: ninguém. Moscou está maior, com armas, terrenos e bombardeios quase diários. Os outros se defendem como podem, com meios próprios, apoio yanque, Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e União Europeia. Bombardeios anunciados pelos dois lados e, agora, é a contraofensiva da Ucrânia.
Aliados fazem anúncios de novas armas com os problemas de sempre sobre qualidade, manutenção e prazos. Kiev recebe carros de combate sem GPS, lança-foguetes com alcance reduzido e metralhadoras novas, mas não testadas . A Ucrânia diz que vai aniquilar russos, vencidos seus problemas internos. A Rússia não esconde que suas ambiguidades podem ser maiores. Quadro definido, uma só certeza: muitos mortos dos dois lados, cadáveres de jovens soldados que continuarão a guerra. A morrer como moscas no calor primaveril.
O CORREIO SABE PORQUE VIU
Estava lá. Houve tempo em que todos se davam bem. Ou quase. O prato cheio eram anedotas da CIA. Entre outras, aquela que mandava os bolcheviques direto para o século XXI com passagem direta e sem escalas. O outro país era o Japão. A uni-los, duas razões: o século XIX, onde morava a URSS, e o XXI, onde já estava o Japão. Ninguém tinha incidência de Aids, uma doença do século XX.
Muito riso. Mas só quando mandaram, da multinacional, amostra do absorvente feminino. Essa era para as mulheres do funcionalismo. Cônjuges podiam recolher a mercadoria. Descasado, o colaborador aceitou e voltou para a redação amiga com quatro caixas. Quando chegasse o salmão, norueguês ou escocês acertava-se a conta. Isso, no final dos anos 1990. Prova do sistema autoritarário da rede mais forte, não havia intercâmbio tecológico interno: enquanto homens iam ao espaço e testavam novas armas; a mulheres ainda usavam e dependiam das velhas toalinhas…