Guerra Guerra entre Rússia e Ucrânia completou dois anos e parece longe do fim.

ARTIGO: Contas, migrações, apostas no fim da guerra

Publicado em Economia

Por LUIZ RECENA GRASSI

O presidente da Ucrânia, Volodimyr Zelenski atravessa o ringue e agita uma toalha. Não a joga, mas ameaça: se o apoio aliado a seu país não chegar, será obrigado a recuar. Só assim poderá garantir alguma defesa para Kiev e outros alvos. Neste caso, não é blefe. Até porque, há semanas, os soldados dele estão a recuar, lutando em retirada e com pouca munição. É retórica prévia, pré-decisão formal.

 

A Rússia estava atacando mais desde meados de março. Agora, recrudesceu, aumentou a pressão. Bombardeios, mísseis, drones, tanques. Poderio ofensivo destruidor. Os alvos principais são os geradores de energia, deixando população sem luz e destruídas muitas bases logísticas ucranianas.

 

Observadores equilibrados trabalham com o mesmo número: está em seis para um a relação de projéteis nos estoques, seis russos para cada um da Ucrânia. Muitas vezes, a retirada é feita sem método ou segurança. É um Deus nos acuda! Os atacantes estão descobrindo ninhos de mercenários, batendo sem piedade. A maioria desses veio da Polônia. Há também franceses, ingleses, ou de antigas repúblicas soviéticas e até da América Latina, Brasil incluído. A Rússia não os perdoa.

 

Da mesma forma, o presidente russo, Vladimir Putin, quer cobrar a conta do ato terrorista do Isis (Estado Islâmico), que deixou 140 mortos, num teatro periférico de Moscou. O governo aceita que foram muçulmanos a apertar os gatilhos, raivosos pelo apoio de Moscou à Arábia Saudita, quando o Isis foi expulso. Mas levanta dúvidas contra a Ucrânia, Reino Unido (MI-6) e Estados Unidos (CIA).

 

Esses países teriam dado apoio material e assessoramento de inteligência aos terroristas. EUA e Reino Unido sempre na sombra. Para a Ucrânia, quadro mais complicado: há combatentes islâmicos na fronteira com a Rússia, recrutados, por um bom dinheiro, pela embaixada da Ucrânia no Tadjiquistão, antiga república soviética.

 

Há mais vínculos, situação que leva analistas a aumentar suspeitas contra a Ucrânia. Não há provas, mas há indícios, muitos indícios conclui analista militar português da CNN. A famosa lógica lusitana deve, sempre, ser levada em conta. Os aliados de Zelensky são muito retóricos e pouco práticos. Alguns tentam, como os países nórdicos, que já mandaram aviões e estão enviando mais. Soviéticos e americanos. A maioria, velhos, alguns, nem tanto.

 

Os que não têm armas oferecem treinamento, como Romênia, Bulgária e as três Bálticas, ex-soviéticos, querendo acertar alguma conta do passado. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que completou o cerco geográfico da Rússia, incentiva apoios, mas não quer ninguém mais no conflito. A ideia que a Rússia seria derrotada pelas armas e sufocada pelas sanções econômicas não deu certo e está sendo enterrada.

 

A Rússia gerou 520 mil novos empregos desde o começo da guerra. Agora são 3,5 milhões de trabalhadores na “economia Kalishnikov”, de produção de armas, munições, veículos e equipamentos. “A capacidade de resposta da Rússia foi mais alta do que esperávamos”, disse Mark Riisik, da Defesa da Estônia. Há seis mil empresas russas operando o complexo, fazendo aumentar o ganho real dos salários. Os ingleses sabem disso, diz Richard Connally, do Royal United Services de Londres, que monitora o tema.

 

No Instituto Levada de Pesquisa e Opinião, de Moscou, um dos raros independentes do país, o diretor Denis Volkov atesta que “os mais pobres subiram a patamares de consumo antes inacessíveis”. Estima essa massa entre 5% a 6% da força de trabalho do país. Em certas regiões produtoras, o salário médio duplicou: de 217 para 782 libras mensais. Produção, salários e consumo fecham o círculo virtuoso. Traz apoio. Isso não há no país de Zelensky.

 

Encerra o raciocínio o discurso de Ucrânia e Polônia com avisos de perigo de uma guerra ainda maior se o quadro se mantiver e o apoio não chegar. É blefe. A maioria dos países da União Europeia não quer seguir ideias que os levem outra vez a uma grande guerra.

 

O CORREIO SABE PORQUE VIU

 

Estava lá. Vez por outra acontece. O conservador espanhol Vanguardia deu amplo espaço para uma ucraniana de origem tártara, que fugiu da guerra para a Alemanha. Chama atenção para si sob o argumento de que a Rússia persegue os tártaros.

 

Lembrei da história de um jovem colega, filho de pai tártaro, coronel da força aérea soviética. Queria casar com uma russa e o pai o ameaçou de expulsão de casa. Levei-o para meu apartamento sob condição única: telefonar à família e falar do apoio de um brasileiro. O pai aterrissou na real.

 

Três dias e tudo resolvido: o casório saiu, vieram os netos, venceu a família. E todos foram felizes sob um teto russo.