ARTIGO: Às vezes, há inteligência

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Por LUIZ RECENA GRASSI

Há vida inteligente entre oficiais armados e mecanismos de Defesa na Europa que apoiam a Ucrânia. Até portugueses produziram cabeças pensantes no campo de guerra entre Kiev e o Kremlin. A estupefação reside nos fatos: o Brasil pensa, sem razão maior, não haver pensamento inteligente, do lado de lá do Atlântico, em matéria de armamentos e Defesa.

Pode não haver produção e comércio de armas, pode ser que exista uma inegável tendência de alinhamento com o capital norte-americano neste conflito e obediência às decisões dos Estados Unidos. Obediência também dos aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a Volodimir Zelenski, presidente da Ucrânia, e e aos planos dele, na fronteira entre o que quer, o realizável e o que gostaria que fosse, que tivesse condições de aplicar. Isso não vem ao caso que estamos a falar.

O que se quer, aqui, é chamar a atenção para situações diferentes. De um lado, países que só dizem “sim, senhor”, sempre em sintonia com os ianques; e outros que, pelo menos, avisam: vocês têm as razões para armar e desarmar ucranianos, mandar muito dinheiro para Zelenski e aliados, vender armas que não importam sejam modernas ou não (maioria velha). Ou armar, pagar e dar algum treinamento a tropas e vários países e diferentes bandeiras.

“Nós sabemos” que isso não é bem assim, e que há outras informações, no teatro de guerra, contrárias aos interesses aliados. Recentemente um general português, raro espécime entre os pensantes, apontou erros básicos da Ucrânia, como armamento obsoleto, tropas mal preparadas, supersubservência aos estrategistas e comandos da Otan.

A famosa contraofensiva ucraniana está falhando. A proximidade do inverno (falta pouco mais de mês) e o apoio dos Estados Unidos aos israelenses esvaziam ucranianos e o exército deles, dando aos russos maior capacidade de vitória. Isso está a ficar cada vez mais claro. E mais caro para o Ocidente, que já teria torrado cerca de três bilhões de dólares no conflito.

Os ianques querem dar um basta! Nesses gastos. Pois, agora, além de tudo, há que bancar Israel, uma pequena fatura, a requerer dinheiro bem grande. Europa e Estados Unidos estão resmungando: seria muito capital para um baixo, baixíssimo resultado na Ucrânia. Esses analistas não brincam em serviço, começaram a criticar Zelenski e o governo dele. E agora pedem, exigem melhor comportamento militar e político dos ucranianos.

O conflito Israel/Palestino parece dar ligeira vantagem aos russos, é o que pensam os analistas mais próximos do equilíbrio. A propaganda está equivalente, com Israel a ouvir críticas de aliados antigos.

O CORREIO SABE PORQUE VIU

Estava lá. “Combanhero Bidel carregava bedra besada”. O objetivo era, em Gaza, entregar as pedras a Yasser Arafat, durante visita do então governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque. Lembrancinhas de Cristalina. O palestino era o representante da causa no Núcleo Bandeirantes.

A segurança do líder palestino nem conversou. Rejeitou tudo. Arafat, ainda no auge do poder, só ficou a contemplar o mimo. E nos deu uma bela entrevista. O então governador ainda abria portas. Plantão dominical em São Paulo foi rápido: duas colunas.

Em Brasília, na chefia do Correio, o próprio diretor, o brilhante Ricardo Noblat, que comandou uma superedição. Do correspondente ao chefe, todos faturaram a exclusiva de Arafat. O jornal usou tudo muito bem. O quadro atual não é novo, e o Brasil soube aproveitar. Como está a fazer.

Vicente Nunes