Por LUIZ RECENA GRASSI, de Portugal
Não há neutralidades nas guerras. Nessa de agora o quadro é bem claro: os países europeus e os Estados Unidos estão ao lado da Ucrânia, com meios e armas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A China, antigos países da órbita soviética e nações fortes do Oriente Médio estão ao lado da Rússia. Simples. É o que dizem analistas portugueses mais equilibrados. Lógica lusitana ajuda. A culpa pode ser de uma entidade nova: o drone. E do vendedor dele, o Irã. Aqui enganação e cinismo ganham solta rédea. Sanções aos Aiatolás.
Investigação da ONU pedida por França, Alemanha e Inglaterra. Pelo crime de fornecer armas aos russos, vários tipos de drones e mísseis. Por enquanto só, pois europeus e yanques estão mais preocupados com as armas que irão entregar e com os treinamentos a soldados ucranianos em países europeus. Tudo está no pacote. Até Portugal, que anunciou envio de helicópteros, russos e sem uso desde o penúltimo incêndio nos bosques de Lusitânia. Vão passar por revisão antes de partir. Serão castigados com sanções da UE e dos EUA? Não haverá penas, são do grupo que apóia. A Ucrânia é salvo conduto.
Do lado russo, Putin olha ao céu e assovia enquanto recebe auxílio de vários tipos, da Turquia a Pequim. Apoiam, é o que basta. E negam tudo. Então, o resumo: enganação, cinismo e horrores de mãos dadas e sujeiras para baixo do tapete. Ucrânia não tomou Kherson. Ainda. Russos não explodiram barragem importante. Poderão fazê-lo inundando vasta área. Russos evacuam civis e põem dois mil soldados novos no front. Com chechenos, voluntários pagos e quem já estava lá, podem chegar a 250 mil em breve.
Ministro da Defesa russo telefonou para o colega dos EUA, no Pentágono. Confirmado que a guerra foi tema. Nada vazou além da promessa mútua de manter linhas abertas. Progresso para quem não conversava desde maio último. O boato recente avisa que as duas potências estariam a diminuir estoques de armas e munições. Mas ninguém garante. Os europeus fizeram reunião para pedir compras conjuntas de energia, além de congelamento dos preços e grana para a Ucrânia, 16 bilhões de euros, a única decisão real.
Meia dúzia de países têm dúvidas. Se algum acordo sair, será dezembro ou início do próximo ano, auge do inverno. Até lá a Ucrânia amanhece com vitórias e dorme abraçada a derrotas. De manhã ou a noite, a Rússia, às vezes, pega esse lugar. Cinismo alimenta o equilíbrio. Metade da Ucrânia está sem energia elétrica. Russos apostam no inverno. Há luz no fim das batalhas? Só as velas que choram mortos.
O CORREIO SABE PORQUE VIU
Estava lá. A extinta União Soviética chegou ao capitalismo com décadas de atraso. Nem a palavra empresário existia. Adaptação fonética: bizniezmen! O chic era marcar reunião em hotel no centro. Fui. De repente, desacordo forte, sobre a parte do lucro que caberia a cada um. Perguntado, respondi com duas questões: a empresa já existe? Quem vai trabalhar? Diplomacia da joelhada esvaziou a questão.
Outra reunião, para vender barcos de passeio em rios brasileiros; e a terceira, a venda de máquina de defumar peixes na Amazônia. Contos de ilusão, zero resultados e o empreendedorismo acabou. Joe Biden disse que vai comprar petróleo no mercado, mas antes quer o preço do barril brent, hoje a U$ 92, a US$ 70. Em Moscou, amigos bizniezmen em pânico: é muita intervenção fora da teoria clássica. Economia de guerra não foi estudada. Usava-se o tempo em conversas, vodka e consultas ao capitalista brasileiro. Ninguém entrou no comércio. Ganhou mais quem foi estudar e abraçar nova profissão.