Levantamentos informais realizados por instituições financeiras mostram que a maior parte do mercado acredita que o Supremo Tribunal Federal (STF) acatará o pedido de habeas corpus feito pelo ex-presidente Lula. O placar, na avaliação dos ouvidos, será de 6 X 5 por manter o petista fora da prisão.
No entender daqueles que apostam na vitória de Lula, não há como acreditar em uma grande virada na reta final do julgamento do habeas corpus. Eles baseiam essa visão em relatos que colheram ao longo dos últimos dias com pessoas próximas aos ministros do STF e que entendem o funcionamento da Corte.
“O ideal seria que o STF negasse o habeas corpus, mas tudo está se encaminhando para que Lula saia livre. Vão mantê-lo longe da prisão, com a garantia de que ele não será candidato nas próximas eleições”, diz um executivo de um dos maiores bancos do país. “Será um retrocesso, mas me parece que o jogo já está decidido. Tomara que esteja errado”, frisa.
Dentro do Palácio do Planalto, a aposta também é de que Lula será beneficiado pelo habeas corpus. Mas não será nesta quarta-feira, 4, data marcada para o julgamento do pedido do petista. Para um assessor do presidente Michel Temer, antes de voltar o caso de Lula, o STF decidirá a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) que trata da prisão em segunda instância.
Para o Planalto, com a ADC derrubando a prisão em segunda instância, haverá argumento jurídico para conceder o habeas corpus para Lula. “Na nossa avaliação, o STF adiará novamente o julgamento do habeas corpus de Lula a fim de buscar uma justificativa para beneficiar o petista. Esse é o roteiro com o qual estamos trabalhando”, afirma o mesmo assessor de Temer.
Se realmente absolver Lula e abrir a porteira para que outros condenados em segunda instância fiquem longe das grades, o desgaste será enorme para o Supremo. Mas, como declarou o ministro Gilmar Mendes, o STF não deve se pautar por pressões. Ele, que já votou pela prisão em segunda instância, agora acredita que todos os réus devem ficar em liberdade até que os processos sejam transitado em julgado. Um recuo muito conveniente para os poderosos que têm condições de pagar bons advogados e protelar ao máximo as decisões judiciais.
Brasília, 20h27min